“Estamos em uma época positiva, em que há um aumento da indignação com a corrupção”, disse Janine Ribeiro

O professor titular de Ética e Filosofia Política na Universidade de São Paulo (USP), Renato Janine Ribeiro, abriu os debates do Encontro do Colégio dos Corregedores e Ouvidorias dos Tribunais de Contas – XII ECCOR, nesta segunda-feira (12), fazendo um contraste entre a eficiência e o significado dos controles externo e social realizado no Brasil há alguns anos e atualmente.

Segundo ele, antigamente era difícil (e não tão confiável) verificar se os recursos públicos eram aplicados como se deveria, uma vez que não se tinha a tecnologia atualmente disponível e a legislação vigente. “Estamos em uma época extremamente positiva, em que há um aumento da indignação social com a corrupção”, disse.

Avaliar a qualidade das políticas públicas mediante indicadores, atuar previamente ao dano ao erário e instituir processos licitatórios que favoreçam a qualidade do serviço, de acordo com Janine Ribeiro, são alguns caminhos a serem seguidos pela administração pública para atender aos anseios da sociedade.

ÉTICA NAS ESCOLAS – O palestrante disse achar preocupante se afirmar que existem condutas naturais ao ser humano, como a ganância, por exemplo. Segundo ele, se o comportamento ético fosse estimulado ainda na fase escolar, as pessoas construiriam esses valores naturalmente.

“É preciso introduzir formas educativas que incentivem as pessoas a cobrar atitudes mais éticas. A discussão ética faz falta no cenário político-educacional. Famílias e religiões são parciais e não devem ser únicas responsáveis em introduzir esses valores na formação da pessoa”, disse Janine Ribeiro.

O professor também abordou outros imperativos éticos em sua palestra, como o preconceito racial e de gênero, que, de acordo com ele, devem estar acima do comprometimento ético. “Não é só punir, mas também educar”, concluiu.

Renato Janine Ribeiro é doutor pela USP e autor de diversas obras, entre elas “A sociedade contra o social: o alto custo da vida pública no Brasil” (2000, Prêmio Jabuti de 2001) e “A universidade e a vida atual – Fellini não via filmes” (2003).

 

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