Carnaval: Expressão genuína da diversidade

João Antonio

“No carnaval as ruas se transformam em palcos da liberdade, mas não aquela liberdade vigiada, controlada por autocratas, nem a liberdade que prejudica o outro. Trata-se de uma liberdade autêntica, que permite a cada um ser quem é e expressar sua felicidade sem medo ou repressão.”

O Brasil se constituiu como uma nação marcada pela diversidade. Aprendemos a conviver com as diferenças, e nelas encontramos nossa verdadeira identidade. Ser diferente não assusta os brasileiros; pelo contrário, é na pluralidade que nos reconhecemos e nos fortalecemos como povo.

As tentativas de padronizar comportamentos, especialmente por setores conservadores que buscam impor uma visão única de mundo, não têm força suficiente para dominar corações e mentes no Brasil. A essência cultural do país está no respeito às diferenças, refletido na diversidade religiosa, onde o catolicismo, apesar de historicamente forte, convive com igrejas evangélicas, religiões de matriz africana e muitas outras crenças. Essa multiplicidade também se manifesta na arte, com uma produção cultural vibrante, e na política, onde, desde a redemocratização há 40 anos, aprendemos que a democracia só se sustenta quando há espaço para a pluralidade de ideias e perspectivas.

O carnaval é a celebração mais autêntica dessa diversidade. Nele, não há espaço para discriminação — apenas para o respeito à individualidade de cada folião. No carnaval, tudo é permitido: os variados estilos musicais, formas de dançar, vestir (ou não vestir), diferentes expressões de gênero e orientações sexuais. Nele, negros e brancos, ricos e pobres se misturam em um só propósito: extravasar a alegria contida dentro de si.

As ruas se transformam em palcos da liberdade, mas não aquela liberdade vigiada, controlada por autocratas, nem a liberdade que prejudica o outro. Trata-se de uma liberdade autêntica, que permite a cada um ser quem é e expressar sua felicidade sem medo ou repressão.

O carnaval brasileiro é a prova de que ordem e diversidade não são incompatíveis. Pelo contrário, ele representa uma espécie de autogestão popular, em que a alegria se torna um instrumento de união. O “eu” e o “nós” se encontram, criando um momento coletivo de celebração.

Viva a diversidade brasileira!

João Antonio é conselheiro do TCM-SP e vice-presidente da Atricon