O primeiro painel do III Congresso Nacional de Comunicação dos Tribunais de Contas (CNTC) reuniu as jornalistas Giuliana Morrone e Natuza Nery para um debate sobre o papel da comunicação pública na promoção da transparência, da acessibilidade informacional e do relacionamento entre órgãos de controle e a imprensa. A mediação foi conduzida pelo conselheiro Joaquim de Castro, coordenador do evento e da Rede de Secretários de Comunicação dos Tribunais de Contas (Rede Secom).
Giuliana Morrone compartilhou experiências de sua trajetória no jornalismo, com ênfase em sustentabilidade e governança, temas centrais de sua atuação atual. Para ela, a boa governança — inclusive a pública — está diretamente ligada ao potencial da comunicação, sobretudo num cenário digital no qual a informação circula em alta velocidade.
“Estamos na era da transparência, onde tudo emerge. As lideranças precisam compreender essa nova dinâmica”, afirmou.
Morrone destacou que o jornalismo tende a valorizar pautas negativas, mas que o desafio das assessorias é justamente reverter essa lógica, antecipando-se aos fatos e oferecendo conteúdos positivos e relevantes. Segundo ela, a audiência também se interessa por boas histórias, especialmente quando há conexão direta com a realidade social.
Ela recomendou que os profissionais da comunicação pública mantenham atenção ao funcionamento das redações, aproveitando momentos estratégicos — como os dias em que há necessidade de pauta — para oferecer temas de interesse público.
Natuza Nery iniciou sua fala com uma recordação pessoal de seus primeiros anos como “foca” (repórter iniciante) em Brasília, quando teve os primeiros contatos com os tribunais de contas: “Fiquei completamente perdida para entender o que fazia um tribunal de contas.”
A partir dessa experiência, trouxe uma reflexão sobre a percepção social dos Tribunais de Contas, ainda pouco conhecidos por grande parte da população — inclusive por jornalistas.
Ela apontou a necessidade de aproximação entre as assessorias de comunicação e a imprensa, a fim de esclarecer o fluxo de trabalho de fiscalização e julgamento das contas públicas. Para Natuza, os tribunais de contas exercem papel fundamental no noticiário político, mas nem sempre se percebem como atores centrais dessa cobertura.
“Quem não lidera, é liderado em termos de notícia. Se os tribunais não contarem suas histórias, alguém o fará por eles — nem sempre com o contexto correto.”
Ela enfatizou que a credibilidade institucional está diretamente ligada à capacidade de comunicar com clareza e antecipação, oferecendo à sociedade dados e análises antes que sejam apenas publicados em portais de transparência.
Ambas as painelistas defenderam que a comunicação pública deve estar voltada às necessidades sociais. Segundo elas, eventos como o III CNTC são fundamentais para promover mudanças na cultura da comunicação pública, na forma como os órgãos de controle se relacionam com a sociedade por meio da informação.
“Quando contamos nossa história primeiro, a tendência é que ela prevaleça”, concluiu Natuza Nery.
III CNCTC
O III Congresso Nacional de Comunicação dos Tribunais de Contas (CNCTC) acontece até quinta-feira (7), no Ribalta, espaço multieventos localizado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, com o tema central “Estratégia, inovação e diálogo com a sociedade”. O encontro reúne comunicadores, especialistas, acadêmicos, servidores e membros dos Tribunais de Contas de todo o país para debater os desafios contemporâneos da comunicação institucional no controle externo.
O evento é uma realização conjunta da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro (TCMRio) e Instituto Rui Barbosa (IRB), e conta com o apoio institucional do Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC), da Associação Brasileira dos Tribunais de Contas dos Municípios (Abracom) e da Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros Substitutos dos Tribunais de Contas (Audicon) e patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Águas do Rio, Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) e Centro Industrial do Rio de Janeiro (CIRJ) e Multiplan.
Texto: Marcelo Oliveira/TCM-PA
Foto: Joel Arthus/TCE-AM
Edição: Ligia Caputo/TCMRio e Abracom