A experiência como caminho e não como âncora

João Antonio da Silva Filho

“A verdadeira riqueza da experiência reside em sua capacidade de ensinar tanto pelo sucesso quanto pelo erro. Valorizar os acertos é essencial, mas é na autocrítica dos fracassos que se encontra a força para inovar”.

A experiência humana é a luz que ilumina os passos dados, mas não o horizonte que se descortina. Ela serve como referencial, orientando escolhas com base no vivido, mas nunca deve ser encarada como um instrumento para cristalizar o futuro. Confiar cegamente no que já foi feito é aprisionar-se em fórmulas passadas, ignorando a dinâmica da mudança e a riqueza das possibilidades que o novo oferece.

Repetir padrões, por mais seguros que pareçam, é permanecer em estagnação. A experiência, quando utilizada apenas como um modelo a ser reproduzido, impede o crescimento e inibe a criatividade. Não se trata de descartar o aprendizado acumulado, mas de reconhecê-lo como uma base para avançar, questionando sua validade em contextos inéditos e desafiadores.

A verdadeira riqueza da experiência reside em sua capacidade de ensinar tanto pelo sucesso quanto pelo erro. Valorizar os acertos é essencial, mas é na autocrítica dos fracassos que se encontra a força para inovar. Ao narrar sua história, uma geração deve inspirar as seguintes a superarem seus limites, transformando erros em alicerces para avanços futuros, e não em fardos que paralisam.

No entanto, é crucial não transformar a experiência em um instrumento de arrogância. Usá-la para impor verdades absolutas ou para subestimar o potencial dos outros deteriora as relações humanas e anula a cooperação. A sabedoria não está em se impor, mas em compartilhar aprendizados com humildade, fomentando a troca de ideias e a construção coletiva do saber.

Por fim, a experiência deve ser o impulso para o novo, e não sua negação. Seu papel é instigar a curiosidade e a coragem de explorar territórios desconhecidos. Mais do que um ponto final, a experiência é uma vírgula que convida à continuidade do texto da vida, renovando constantemente o sentido de existir.

João Antonio da Silva Filho é conselheiro do TCM-SP e vice-presidente da Atricon