O poeta Affonso Romano de Sant’Anna proferiu a palestra “Que país é este?” no encerramento de XXVIII Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil, nesta sexta-feira (4), no Centro de Convenções do Hotel Sheraton Reserva do Paiva, no Recife.
A palestra leva o nome de um dos mais conhecidos poemas do autor mineiro. Ele falou sobre o potencial provocador e criativo dessa indagação. “Esta é uma pergunda da qual somos herdeiros. José de Alencar e Machado de Assis a fizeram. Tenho certeza de que quando as naus de Cabral chegaram próximo à nossa costa, um marujo português deve ter exclamado: que país é este?”.
O poeta citou teóricos brasileiros e estrangeiros que já se debruçaram sobre a compreensão do Brasil, como os antropólogos Gilberto Freyre (Casa Grande e Senzala), Roberto DaMatta (Carnavais, Malandros e Herois), Claude Lévi-Strauss (Tristes Trópicos) e Stephan Zweig (O país do futuro). “Esta questão que nos atormenta tem sido vista pelos teóricos das maneiras mais diversas.”
Repetindo um trecho do poema que deu nome à palestra, o escritor assegurou: “uma coisa é um país, outra um ajuntamento”. E encerrou com outro poema seu, “A implosão da mentira”, criticando a corrupção no Brasil: “Mentem desde Cabral, em calmaria / viajando pelo avesso, iludindo a corrente / em curso, transformando a história do país / num acidente de percurso.”
CARTA DO RECIFE – A palestra do poeta foi precedida pela leitura e a aprovação da Carta do Recife, documento que congrega as principais resoluções XXVIII Congresso dos Tribunais de Contas do Brasil. A carta foi lida pelo presidente da Atricon, Valdecir Pascoal. Sobre o documento, Affonso Romano de Sant’Anna brincou: “eu poderia cancelar minha palestra, porque está tudo na Carta do Recife”. Veja aqui a íntegra da declaração.