Jornal Zero Hora publicou artigo assinado pelo vice-presidente de Relações Político-Institucionais da Atricon e ouvidor do TCE-RS, Cezar Miola; leia a íntegra.
Os efeitos das enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul vão muito além de impactos econômicos e sociais; eles podem ter reflexos também no comparecimento às urnas no dia 6 de outubro. Preocupado com um possível aumento de abstenções durante as próximas eleições municipais, o Tribunal Regional Eleitoral gaúcho (TRE-RS) lançou a campanha “Venha reconstruir o Estado com a força do seu voto”. O receio é de que os eleitores tenham maior dificuldade de participar do pleito e efetuar a sua escolha democrática. E talvez seja possível acrescentar que aquela tragédia, junto com outras que vêm se sucedendo Brasil afora, tenha injetado doses de desesperança ou de descrença em parcela da sociedade relativamente ao desempenho de determinadas estruturas estatais.
O fato é que o cenário atual se soma ao anterior, que já era preocupante: a participação popular nas eleições gaúchas vem diminuindo. Em 2016, a abstenção foi de 15,47% e, em 2020, de 23,67% (embora, aqui, se deva ponderar que, à época, a Covid-19 ainda amedrontava).
Estamos em um momento propício para reafirmar o poder do voto. É a oportunidade de se indicar que futuro desejamos, a partir da seleção de plataformas e projetos de governo. E as eleições locais adquirem uma relevância ainda maior, pois é no âmbito municipal que se concretizam serviços e obras essenciais em áreas como saúde, educação infantil, infraestrutura e mobilidade urbana.
Assim, compreender o impacto das opções lançadas na urna é fundamental para o desenvolvimento comunitário.
Analisar os programas dos candidatos, e sua real possibilidade de execução (sobretudo considerando a capacidade financeira e as especificidades de cada município), é um passo importante para garantir que as decisões tomadas estejam em sintonia com as demandas da população. Mas devemos admitir que esse cuidado do eleitor poderá ser insuficiente, porque promessas de campanha, não raro, são esquecidas com a mesma facilidade com que foram feitas.
Além disso, acompanhar debates e entrevistas é uma excelente oportunidade para entender as visões e propostas dos candidatos para as cidades. O poder do voto consciente pode ser um caminho que ajuda a resgatar o orgulho e a força do gaúcho, especialmente após a devastação causada pelas cheias.
O resultado das urnas reflete o somatório de comportamentos individuais e repercute profundamente no coletivo.
Assim, no próximo dia 6, além de atender ao chamado da Justiça Eleitoral, estaremos decidindo sobre as escolhas que nossos representantes farão ao longo de quatro anos. Trata-se, na prática, de uma procuração, com amplos poderes, que, pelo voto, vamos outorgar a prefeitos e prefeitas, vereadores e vereadoras (lembrando que, ao não fazê-lo, entregamos a outros a decisão). Serão esses agentes que iremos investir para cuidar (assim se espera) desde a rotina administrativa aos mais robustos e estruturantes eixos da vida da cidade, nas suas diferentes políticas públicas.
Votar representa a mescla de um dever legal com o exercício de uma das mais nobres prerrogativas da cidadania, que só o regime democrático é capaz de propiciar. Vamos votar!
Cezar Miola – ouvidor do TCE-RS e vice-presidente da Atricon