Domingos Dissei
Durante minhas décadas a serviço da vida pública, nunca deixei de olhar para a cidade com visão de engenheiro. Hoje, como presidente do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP), esse olhar permanece firme e atento às soluções que podem transformar a forma como planejamos, executamos e fiscalizamos obras públicas.
Posso dizer com tranquilidade que a tecnologia BIM (Building Information Modeling) muda tudo. Agora, conseguimos enxergar o projeto inteiro antes mesmo da primeira pá de terra. Isso significa menos erros, menos desperdício e mais responsabilidade com o dinheiro público. É uma ferramenta que ajuda quem projeta, quem executa e, principalmente, quem fiscaliza.
Não tem volta: a tecnologia BIM já é uma realidade consolidada em países como Reino Unido, Cingapura, Estados Unidos e na Escandinávia; e o Brasil precisa seguir essa leva. As experiências internacionais mostram ganhos concretos que não podemos ignorar:
• Financeiros: redução de 5% a 20% nos custos totais de obra; maior precisão orçamentária, com desvio inferior a 3% entre o previsto e o realizado; e até 40% de redução nos aditivos contratuais. Nosso objetivo é ir além: buscar a redução gradual até a eliminação completa dos aditivos.
• Produtividade: diminuição de 7% a 13% no tempo de construção; redução de 40% a 60% em erros e omissões; e até 80% menos tempo para resolver incompatibilidades.
• Qualidade: ganhos de 15% a 30% em horas-homens; e até 90% de redução em erros de projeto, segundo experiências escandinavas.
No TCMSP criamos a Comissão Especial do BIM (Portaria 376/2025), com a missão de implantar a metodologia como instrumento de controle externo e de conservação das nossas dependências, além de promover a capacitação dos auditores.
No dia 23 de setembro, realizamos, no nosso Plenário, o evento “Tecnologia BIM aplicada à gestão pública da cidade de São Paulo”. Participaram mais de 200 profissionais, marcando nova etapa na implantação da metodologia BIM na capital.
Foram assinados novos Termos de Cooperação Técnica entre o Tribunal, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (CREA-SP) e o Instituto de Engenharia (IE), marcando um avanço estratégico na modernização da gestão urbana da capital paulista.
Mais do que um evento, foi uma convocação à engenharia pública. É hora de abrir o coração, reconhecer os desafios e construir juntos os caminhos para superá-los. O BIM é uma ferramenta poderosa, mas seu sucesso depende da colaboração entre os que planejam, executam e fiscalizam.
E há um aspecto que não podemos deixar de lado: o potencial inspirador dessa tecnologia para os jovens. A engenharia precisa de novos talentos e ferramentas modernas como o BIM podem ser o elo entre a vocação pública e o interesse das novas gerações. Ao mostrar que é possível transformar a cidade com inteligência, precisão e inovação, podemos atrair mais jovens para a profissão e formar os engenheiros que São Paulo tanto precisa.
Domingos Dissei é presidente do TCM-SP