Embaixador e diplomata de Taiwan detalham combate à Covid 19 em vídeoconferência coordenada pelo TCE-PB

Diplomatas destacam uso de inteligência artificial e transparência nas informações como aliados contra a pandemia

O Tribunal de Contas do Estado da Paraíba promoveu, nesta terça-feira (14), uma videoconferência para conhecer as estratégias e tecnologias utilizadas pela Taiwan no combate ao coronavírus. A convite do TCE-PB, o embaixador da Taiwan no Brasil, Jiang-Gueng Her, e diplomata Catarina Chen, no encontro virtual destacaram as principais medidas utilizadas pelo governo para controlar com sucesso a propagação da epidemia usando a tecnologia.

“Taiwan freiou a disseminação do coronavírus com um grande cruzamento de dados, agilidade no processamento de informações e transparência na orientação à população”, relatou o embaixador Jiang-Gueng Her.

Lá, no controle de fronteira, é proibido o acesso de estrangeiros, a menos que seja por circunstâncias especiais. Para o controle de materiais na prevenção de epidemias, nos primeiros dias do surto, o governo de Taiwan restringiu o preço das máscaras, proibiu a exportação, usou fundos do governo e serviços militares para ajudar a aumentar a produção. Ao mesmo tempo, o sistema de distribuição foi usado para os cidadãos, incluindo os materiais de prevenção de epidemias, como respirador e álcool.

No transporte público é obrigatória a medição da temperatura. As pessoas com temperatura corporal superior a 37,5 graus não podem usar o transporte publico na ilha de Taiwan. Além disso, as pessoas que usam o transporte público devem, obrigatoriamente, usar máscaras.

O embaixador destacou que, desde que foi identificado o primeiro caso em janeiro deste ano, Taiwan contabilizou pouco mais de 300 casos e apenas seis mortes por Covid-19.

 Com participação de conselheiros, auditores de contas públicas, jornalistas e representantes da sociedade, a videoconferência coordenada pelo Tribunal de Contas da Paraíba, por meio do Espaço Cidadania Digital e Escola de Contas Conselheiro Otacício Silveira (Ecosil), colaborou com a disseminação de estratégias no combate ao coronavírus.  O auditor de contas públicas André Agra foi quem intermediou o debate.

ECONOMIA – O governo de Taiwan aprovou orçamento específico para ajudar empresários a manter empregos. “Por eliminar a depressão de todas as indústrias da economia, durante esse período específico, a Assembleia Nacional de Taiwan aprovou um orçamento especial de US$ 2 bilhões, em 31 de março, dos quais US$ 350 milhões serão utilizados na prevenção e tratamento contra a Covid 19, e US$ 1.65 bilhão será utilizado para ajudar empresas afetadas pela pandemia”, detalhou o embaixador.

Taiwan, desde o início da pandemia, informou o embaixador, adotou uma série de restrições e realiza quatro mil testes por dia em hospitais e clínicas. A ilha já tinha experiência para enfrentar pandemias, como a da SARS (Síndrome Respiratória Aguda Greve) no ano de 2003. Desde aquela época, os aeroportos já contavam com equipamentos de medição de temperatura.

As autoridades de Taiwan monitoram a população com aplicativos de celular e quem desobedece às ordens das autoridades sanitárias pode pegar multar de US$ 5 mil, o correspondente a quase R$ 26 mil. A diplomata Catarina Chen disse que Taiwan conseguiu fazer isolamento social deixando parte da economia em movimento.

MEDICAMENTOS – O embaixador declarou que, os médicos já estão prescrevendo Remdesivir, que é um medicamento antiviral desenvolvido para tratamento de doenças como MERS, Ebola e em fase de testes para a Covid 19.  Os pesquisadores taiwaneses também estão estudando o efeito da hidroxicloroquina, a qual foi liberada para posologia clinica para médicos, no intuito de se avaliar a progressão do quadro viral do indivíduo infectado. Embora Taiwan não seja membro da OMS, os infectologistas taiwaneses ainda informaram suas descobertas à organização. “Foi muito lamentável a resposta da OMS”, frisou Jiang-Gueng Her.

TECNOLOGIA –  Um banco de dados foi essencial para ajudar a conter casos, cruzando informações sobre a situação dos pacientes e as ações no sistema médico dos países, declarou o embaixador.

“A partir do dia 27 de janeiro, todos os que apresentaram ainda que o mais simples sintoma da Covid 19 foram analisados em tempo real e tiveram prioridade no atendimento. O histórico de viagens e os sintomas foram registrados e estavam à disposição dos médicos. Todos os que chegaram a Taiwan preencheram formulários online, criados especialmente para esse tipo de ameaça. Quem havia viajado nos últimos 14 dias, fora das áreas de risco, recebeu mensagens por celular com um atestado de saúde, para facilitar a entrada no país”

Segundo ele, em 72 horas, o governo conseguiu separar as pessoas com possibilidade de contágio das outras, com ajuda do monitoramento por dispositivos móveis. Os diagnósticos chegaram a determinar a doença em até 20 minutos.

Ascom/TCE-PB