IV CITC: John Elkington, o pai da sustentabilidade, alerta sobre “policrises” e reforça papel dos Tribunais de Contas

“Auditores, o papel de vocês é cada vez mais importante, pelo que vocês farão e pelo que já fazem.” A frase foi proferida por John Brett Elkington, consultor britânico e uma das maiores referências globais em sustentabilidade, durante a conferência magna no IV Congresso Internacional dos Tribunais de Contas, realizada na noite de quarta-feira (3/12), no CentroSul, em Florianópolis (SC).

Fundador e chief pollinator da Volans, Elkington é reconhecido internacionalmente como o “pai da sustentabilidade”, por seu papel inovador na promoção de práticas sustentáveis e por influenciar agendas estratégicas voltadas para o desenvolvimento consciente. Autor de 21 livros, é criador do conceito do Tripé da Sustentabilidade — que prioriza pessoas em primeiro lugar, seguido da responsabilidade ambiental e do lucro.

Ao abordar sobre três temas do evento — democracia, governança e sustentabilidade —, voltados ao capitalismo sustentável, o conferencista defendeu que empresas e instituições públicas considerem os impactos sociais, ambientais e econômicos em suas operações, reforçando a importância da governança responsável.

Em sua opinião, a auditoria é essencial para a sustentabilidade e para orientar a administração pública na integração dos critérios ambientais, sociais e de governança (ASG) em políticas, planos, práticas e decisões administrativas, visando o desenvolvimento sustentável e comprometido com a responsabilidade social.

O conferencista celebrou a inclusão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) na agenda dos Tribunais de Contas. No entanto, alertou que o progresso global rumo às metas de 2030 está aquém do necessário, o que torna ainda mais fundamental o papel das auditorias para garantir avanços concretos.

Na oportunidade, John Elkington apresentou uma análise abrangente do cenário global, marcado por riscos geopolíticos e geoeconômicos, que impactam diretamente a sociedade. Ele destacou a desinformação como um fator que agrava a crise climática, inserindo esse contexto no que chamou de “policrises” — múltiplas crises interconectadas que desafiam governos, empresas e cidadãos.

Apesar do diagnóstico crítico, Elkington trouxe uma mensagem de otimismo, ao ser questionado sobre o que o mantém esperançoso diante desse cenário. A pergunta foi feita pelo conselheiro Adircélio de Moraes Ferreira Júnior, corregedor-geral do Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC), vice-presidente de Relações Internacionais da Atricon e integrante da comissão científica do evento. “Eu nasci otimista. Você não pode fazer o que fazemos sem acreditar que o progresso é possível”, enfatizou.

Ele reforçou o papel da ciência e da tecnologia e a importância da colaboração entre gerações como motores de transformação, alinhando-se à proposta central da conferência. “Acho que a tecnologia me dá muita esperança, pois está evoluindo rápido. E acredito que os jovens têm energia, boa vontade e criatividade para fazer as coisas acontecerem — mas não devem fazer isso sozinhos”, declarou.

Ao comentar sobre a geração baby boomer, afirmou que ela tem experiência e recursos para ajudar os jovens a promoverem mudanças. “A ciência tem mostrado parcialmente que não somos uma espécie totalmente estúpida. Quanto mais tempo segurarmos essas mudanças, mais difícil será”, concluiu.

Marcada por reflexões provocativas e visionárias sobre o futuro da governança e do desenvolvimento sustentável, a conferência alertou sobre a necessidade de serem repensados os modelos tradicionais e apontou caminhos para que instituições públicas atuem de forma mais resiliente e alinhada aos desafios globais. Também serviu de inspiração e de aprendizado, para consolidar o compromisso dos órgãos de controle com a sustentabilidade e a inovação na gestão pública.

IV CITC

Com o tema “Tribunais de Contas: República, Democracia, Governança e Sustentabilidade”, o IV CITC ocorre de 2 a 5 de dezembro no Centro de Convenções de Florianópolis (CentroSul). O evento é uma realização da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina (TCE/SC), do Instituto Rui Barbosa (IRB), do Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC), da Associação Brasileira de Tribunais de Contas dos Municípios (Abracom) e da Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros Substitutos dos Tribunais de Contas do Brasil (Audicon).

A quarta edição do Congresso tem a parceria do governo do Estado de Santa Catarina, da Prefeitura de Florianópolis e do Grupo Baía Sul e patrocínio de Aegea, BID, BRDE, Celesc, Codemge, Cemig, CFA, CFC, CNI, FIESC, Sebrae, TechBiz, ABDI, BNDES, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e Ministério da Fazenda.

Texto: Lúcia Helena Prujá (TCE/SC)

Foto: Douglas Santos (TCE-SC)

Edição: Jeferson Cioatto (TCE-SC)