IV CITC: Tribunais de Contas podem incentivar sistemas de integridade nos órgãos fiscalizados

Os Tribunais de Contas (TCs) têm um papel estratégico na promoção da integridade na gestão pública. Já existe uma norma da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) e do Instituto Rui Barbosa (IRB) – a Resolução Atricon/IRB 01/2022 – que permite aos TCs fomentar a adoção de sistemas de integridade não apenas internamente, mas também junto aos órgãos e entidades que fiscalizam.  

Na reunião conjunta da Rede de Secretários de Governança e Gestão (Rede SGG) da Atricon e do Comitê Técnico de Governança (CTG) do IRB, realizada na manhã desta terça-feira (2), durante o Congresso Internacional dos Tribunais de Contas (CITC), foram apresentados dados do primeiro semestre de 2025 referentes aos próprios tribunais de contas. O presidente do CTG, Érico Xavier Desterro e Silva, relatou que: 

  • 7 TCs já implementaram sistemas de integridade. 
  • 17 TCs possuem alguma iniciativa relacionada, como Código de Ética, Manual de Gestão de Riscos ou Política de Governança. 
  • 9 TCs ainda não têm nenhuma ação nesse sentido. 

O advogado Rodrigo Pironti integrou o grupo que elaborou a Resolução Atricon/IRB 01/2022. Ele participou da reunião e enfatizou os termos da norma. “Os Tribunais de Contas têm papel fundamental na indução de boas práticas, especialmente nos municípios. E o Brasil é um país tipicamente municipalista”, disse. 

Pironti citou a Resolução n. 305/2025 do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que institui diretrizes de atuação dos membros do MP para incentivar Programas de Integridade na administração pública. E reforçou que os TCs já possuem essa prerrogativa desde 2022, com a norma conjunta da Atricon e IRB, e que essa função de orientar para a boa governança já é uma prática relacionada diretamente à atuação dos tribunais de contas. 

Ele também destacou um dado preocupante: no ranking da Transparência Internacional, o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) do Brasil é 34 em 100 pontos possíveis, o que corrobora com a necessidade de fortalecer mecanismos de integridade. 

Integridade no MMD-TC 

Diante dos números apresentados pelo conselheiro Érico Xavier Desterro e Silva, o IRB pretende incluir os sistemas de integridade como indicador no Marco de Medição de Desempenho dos Tribunais de Contas (MMD-TC). A proposta está sendo discutida com base na pesquisa do auditor fiscal de controle externo do TCE/SC Renato Costa, realizada para o seu trabalho de doutorado. 

A pesquisa mostrou que o MMD-TC é um instrumento central para induzir melhorias contínuas nos Tribunais, mas ainda há espaço para evoluir. Entre as oportunidades apontadas estão: ampliar métricas de impacto, fortalecer participação social, incorporar critérios de inovação e reduzir assimetrias institucionais. Tudo isso reforça o potencial do MMD-TC como mecanismo estratégico para um controle externo mais aberto, responsivo e orientado ao valor público. 

Acompanhe a defesa da tese 

A defesa da tese “Controle Aberto nos Tribunais de Contas Brasileiros: Proposta para Avaliação de Desempenho Institucional”, de Renato Costa, será realizada no dia 10 de dezembro, comtransmissão online. É uma oportunidade para conhecer em detalhes as propostas de aprimoramento do MMD-TC. 

Uma nova reunião da Rede SGG da Atricon e do CTG do IRB será realizada ainda este ano, de forma remota, para definir encaminhamentos a partir dos dados da pesquisa.  

IV CITC 

Com o tema “Tribunais de Contas: República, Democracia, Governança e Sustentabilidade”, o IV CITC acontece de 2 a 5 de dezembro no Centro de Convenções de Florianópolis (CentroSul). O evento é uma realização da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina (TCE-SC), Instituto Rui Barbosa (IRB), Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas, Associação Brasileira de Tribunais de Contas dos Municípios (Abracom) e Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros Substitutos dos Tribunais de Contas do Brasil (Audicon). 

A realização da quarta edição do Congresso tem a parceria do governo do Estado de Santa Catarina, Prefeitura de Florianópolis, Prefeitura de Blumenau, Assembleia Legislativa e Grupo Baía Sul e patrocínio de Aegea, BID, BRDE, Celesc, Codemge, Cemig, CFA, CFC, CNI, FIESC, Sebrae, TechBiz, ABDI, BNDES, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e Ministério da Fazenda.  

Texto: Magda Audrey Pamplona (TCE-SC) 

Foto: Adriano Assis (ACMP) 

Edição: Jeferson Cioatto (TCE-SC)