Inaldo da Paixão
Na coluna publicada neste espaço, no calor do 3º Encontro Nacional de Auditoria Financeira dos Tribunais de Contas do Brasil (ENAF-TC), compartilhei o que significava para a “Terra da Auditoria” sediar um evento tão relevante para o fortalecimento da transparência pública.
Retomo o tema com o senso de dever cumprido. Digo mais: se falar sobre o evento antes era importante, revisitar seus resultados é quase uma obrigação. Afinal, encontros como esse não se encerram quando se apagam as luzes do auditório – seguem reverberando nas ações dos órgãos de controle e, por consequência, nos direitos da sociedade.
Salvador se transformou em um verdadeiro centro de reflexão e aprendizado nos dias 7 e 8/7. Recebemos cerca de 373 auditores de quase todos os estados brasileiros e conectamos mais de 890 participantes remotamente, sendo 52 de Angola, 13 de São Tomé e Príncipe, 35 de Guiné-Bissau, dois de Cabo Verde e um da Espanha (Azuqueca de Henares).
Além disso, tivemos a honra de contar com palestrantes de Angola e Portugal. Essa diversidade geográfica enriqueceu os debates e mostrou que a auditoria financeira representa a linguagem universal da boa governança.
As mesas e palestras trataram de temas que estão no centro do controle público contemporâneo: o papel da tecnologia na auditoria, a força da contabilidade no setor público e os desafios para garantir que os dados financeiros divulgados pelos Tribunais de Contas sejam, de fato, confiáveis e compreensíveis. Tais temas não são apenas técnicos, mas profundamente políticos – no melhor sentido do termo: aquele que se refere ao bem comum.
O ponto alto do encontro foi a leitura da Declaração de Salvador, um documento que simboliza o compromisso dos Tribunais de Contas com a defesa do interesse público e com a fidedignidade das informações financeiras. A declaração reafirma que a auditoria financeira é uma ponte entre o gestor e o cidadão, entre o dado e a decisão, entre o gasto e a política pública.
Não por acaso, a cidade do próximo ENAF-TC também foi anunciada. Em 2026, será a vez de o Rio Grande do Sul sediar o encontro. E se Salvador foi o berço de novos compromissos, Porto Alegre será o ponto de chegada para novas entregas. Que o calor baiano inspire o hospitaleiro gaúcho; que o axé da Bahia dialogue com a tradição sulista; que Salvador tenha deixado um legado à altura do que o evento se propôs a construir. Vamos todos, em 2026, à terra do Paralelo 30.
Como conselheiro da Casa de Auditoria da Bahia e, há muito, entusiasta da auditoria financeira como um instrumento de transformação social, só posso agradecer aos que vieram, aos que contribuíram, aos que acreditam nesse caminho de aprimoramento contínuo. Por isso afirmo: eventos como o ENAF-TC não são apenas reuniões técnicas. São atos de cidadania.
Inaldo da Paixão é conselheiro do TCE-BA e vice-presidente do Instituto Rui Barbosa (IRB)