Edilson Silva
“O tempo não para…” — assim como nos lembra Cazuza, essa frase ressoa com força nesses tempos dinâmicos, marcados por mudanças profundas no mundo do trabalho e na gestão pública. O tempo não para para os milhões de brasileiras e brasileiros que constroem, com esforço cotidiano, os alicerces do nosso país; não para para as instituições, nem para nossos sonhos por um Brasil mais íntegro e eficiente.
Desde o final do século XIX, o dia 1º de maio se tornou mais do que uma data no calendário: é um convite à memória e à celebração das lutas históricas por melhores condições de trabalho, dignidade e justiça social. Em cada marcha dos trabalhadores de Chicago, em 1886, encontramos a semente daquilo que hoje consideramos direitos inegociáveis: jornada justa, descanso semanal, segurança e salário digno.
No Brasil, essas conquistas ganharam corpo e proteção na nossa Constituição Federal de 1988 — a conhecida “Constituição Cidadã”. Ela cristalizou, em seu artigo 7º, direitos fundamentais, resultado de décadas de mobilização social e diálogo democrático. Ali se assegura a valorização do trabalho, elemento estruturante dos projetos individuais e coletivos em nosso país.
A sabedoria refletida na Constituição não apenas acolheu as demandas históricas do mundo do trabalho, mas apontou para um compromisso permanente: o do Estado com o bem comum, a justiça e a equidade.
Ao garantir direitos como a proteção do salário, o respeito à jornada, o descanso remunerado e a seguridade social, nossa Carta Magna regula as relações entre trabalhadores, empregadores e o poder público, fazendo do trabalho digno um vetor de cidadania e desenvolvimento. O artigo 37, por sua vez, fundamenta o serviço público nos pilares da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência — princípios que norteiam não apenas a atuação dos servidores, mas de todo o sistema de controle.
É neste cenário que a Atricon — Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil — reafirma sua missão: ser guardiã vigilante desses princípios e protagonista na defesa dos interesses da sociedade. Ao estimular a modernização, a transparência e o aprimoramento dos Tribunais de Contas, a Atricon busca assegurar que cada real investido pelo Estado encontre seu destino legítimo em políticas públicas e serviços que beneficiem a população.
Afinal, como disse Chico Buarque, “Sonhar, mais um sonho impossível; lutar, quando é fácil ceder; vencer o inimigo invencível…” — nossa missão coletiva envolve coragem, persistência e fé no futuro. Seguimos atentos às mudanças do mundo do trabalho, à emergência de novas profissões, à necessidade de proteção social adequada, e à importância de instituições sólidas para a manutenção da democracia e do Estado de Direito.
Neste 1º de maio, convido todas as trabalhadoras e trabalhadores, servidoras e servidores públicos e membros do sistema Tribunais de Contas a revisitar os sonhos e as conquistas que nos trouxeram até aqui. É tempo de celebrar, sim, mas também de perguntar: quais são os novos desafios? Como podemos aperfeiçoar a proteção social, incentivar o mérito e promover a justiça fiscal? De que maneira podemos, juntos, reinventar o compromisso com o Brasil do amanhã?
A Atricon permanecerá firme, contribuindo para que cada avanço social seja devidamente protegido, para que as instituições tenham credibilidade e para que o trabalho, em suas múltiplas formas, seja valorizado como fundamento da cidadania e do progresso nacional.
Encerrando, deixo como inspiração os versos de Fernando Pessoa, com ou sem os acréscimos pelo autor:
“Há pedras no caminho? Guardo todas, um dia construirei um castelo.”
Sigamos juntos, superando obstáculos e transformando conquistas em base para um país mais justo, democrático e solidário.
Com respeito e reconhecimento a cada trabalhador e trabalhadora.
Edilson Silva é conselheiro do TCE-RO e presidente da Atricon