“Antes de participar desse concurso, não conhecia o papel do TCE-RJ. Agora, sei que ele cuida do nosso patrimônio público”. A declaração é de Danilo Santos, estudante do terceiro ano do ensino médio do Ciep Cora Coralina, em Duque Caxias, na Baixada Fluminense. Ele foi o vencedor do concurso da segunda edição do projeto ‘Contando com o TCE-RJ’, com a apresentação do trabalho em vídeo intitulado ‘O TCE em sua vida!’, no qual explica, de forma didática e lúdica, como o cidadão pode colaborar no combate ao desperdício do dinheiro público. Os 36 melhores trabalhos inscritos no concurso foram expostos no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ).
A cerimônia de premiação dos três primeiros colocados e de entrega de certificados de menção honrosa a estudantes que ficaram entre o 4º e 12º lugar no projeto do TCE-RJ, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação (Seeduc), foi realizada nesta sexta-feira (11/12), no Espaço Cultural Humberto Braga, na sede do TCE-RJ, no Centro do Rio. Os autores dos demais trabalhos receberam certificados de participação. O evento contou com as presenças do presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes de Carvalho Junior, do conselheiro do TCE-RJ José Maurício de Lima Nolasco, do chefe de comunicação da Secretaria Estadual de Educação, Caio Castro Lima, e da coordenadora de Comunicação Social, Imprensa e Editoração (CCS) do TCE-RJ, Fernanda Pedrosa, além de professores, estudantes e servidores da Casa.
“A democracia e a cidadania começam pelo sentimento de nacionalismo. Quem ama a pátria não vai pichar a parede da escola, sabe de seus deveres e direitos”, destacou o presidente do Jonas Lopes. Em pronunciamento, ele enfatizou a atuação da Corte de Contas fluminense no combate à corrupção e em defesa dos interesses da sociedade. “Estou feliz de ver vocês [estudantes] se tornando, a partir de hoje, colaboradores da Casa. Quero que saibam que estamos trabalhando para evitar o desperdício do dinheiro público e cuidando para que o imposto que o pai de vocês paga seja bem aplicado.”
O conselheiro José Maurício de Lima Nolasco, do TCE-RJ, falou, por sua vez, sobre a importância do trabalho dos professores na formação dos alunos. “Assim como vocês, estudei em escola pública e aprendi muito com a minha professora. Elas são a segunda mãe da gente”, acrescentou. Representando a Secretaria Estadual de Educação, Caio Castro Lima afirmou que a parceria com o TCE-RJ é fundamental para a conscientização dos alunos sobre a coisa pública. “Em momento de crise, como essa que estamos atravessando, é ainda mais importante se ensinar sobre o bem público. Nós atendemos 840 mil alunos e não é possível estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Por isso, essa parceria é bem-vinda.”
Idealizadora da cartilha, a jornalista e coordenadora de Comunicação Social do TCE-RJ, Fernanda Pedrosa, elogiou a qualidade dos trabalhos apresentados pelos alunos que participaram do projeto e afirmou que a escola pública é tratada com prioridade pela Casa. “Apesar de vivermos em uma sociedade digital, high-tech, com uso de internet e vídeos, me surpreendi ao ver, nesta edição, vários trabalhos de redação. Sendo uma jornalista, que lida com a escrita, isso me deixou muito feliz.”
Fruto de parceria entre o Tribunal de Contas e a Secretaria de Estado de Educação (Seeduc) o projeto visa a ensinar, por meio da leitura de cartilhas em sala de aula, estudantes do ensino médio da rede pública a zelar pelo controle dos gastos públicos fluminenses. Participaram desta segunda edição 20 mil alunos do ensino médio de 37 escolas estaduais localizadas na Zona Oeste do Rio e em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A cartilha ‘Contando com o TCE-RJ’ narra, em quadrinhos, o passeio de uma professora e três alunos pelo bairro, da escola e pela cidade. Ao longo da aventura, a turminha vai aprendendo a importância da preservação do patrimônio público e entendendo como são gastos os impostos pagos pelos cidadãos. O passeio termina no TCE, onde conhecem o trabalho do Tribunal, que fiscaliza os gastos públicos.
Premiados – Os alunos da rede estadual que participaram do concurso utilizaram diferentes plataformas para expressar o que aprenderam com as lições de cidadania recebidas através das cartilhas produzidas pelo TCE. Nos 36 trabalhos selecionados pela Secretaria Estadual de Educação, há histórias contadas em vídeo, cartazes e no formato de revistas em quadrinhos, além de outros trabalhos artesanais.
Estudante do Ciep Cora Coralina, o primeiro colocado Danilo Santos não escondeu a alegria pela premiação. Utilizando fundo musical, teatro de fantoches e imagens de estátuas, hospitais públicos e de esgoto a céu aberto, o vídeo com duração de cinco minutos e meio resume o significado de patrimônio público, explica o papel do TCE e ensina os cidadãos a como colaborar para a boa aplicação dos recursos públicos. Orientado pela professora e agente de leitura Floriana Benevides, Danilo disse que os bonecos de fantoche usados na produção áudio visual foram recuperados do lixo. “Evitamos que eles fossem desperdiçados”, contou.
Já a estudante Sara Eloy de Oliveira, do Ciep Clarice Lispector, em Duque de Caxias, tirou o segundo lugar com o ‘Rap da Cidadania Escolar’, cantado por ela e gravado em vídeo. Sara não compareceu à premiação por motivo de doença, mas no vídeo ela disse ter “aceitado o desafio do TCE para conscientizar as pessoas para que elas não venham a depredar o que é patrimônio público”. A agente de leitura Adriana da Silva Garcia, professora de Sara, não poupou elogios à aluna. “Ela está sempre antenada e gosta de participar de todos os projetos. O rap, inclusive, foi gravado na casa dela e produzido com recursos próprios.”
O terceiro lugar ficou com a história em quadrinhos produzida por Hugo dos Santos Pereira, 17, aluno do segundo ano do Ciep Mário Quintana, em Campo Grande. Feito com materiais recicláveis, o trabalho ilustra um diálogo entre dois jovens que vai se desenvolvendo conforme o leitor gira os rolos com os papéis onde os desenhos estão. “Eu me inspirei na revista em quadrinhos do TCE. Estava lendo e a professora perguntou se eu queria participar. Fui pensando e depois montando as falas e pegando os materiais. Criei um bate-papo no ponto de ônibus onde um garoto estava destruindo uma lixeira”, diz. Hugo se desenhou indo falar com o colega, e o conscientizando de que ele estava depredando um patrimônio público. “Tudo o que é público a gente paga. Não é do governo, é nosso.”
A professora de Hugo, Patrícia Siqueira, disse que tomou conhecimento do projeto Contando com o TCE recentemente e incentivou os alunos a participarem. “A gente fez um trabalho de divulgação e mobilização na escola, e os alunos se mostraram muito interessados. O envolvimento e a troca que nós tivemos foram maravilhosos.” Não houve restrição quanto à forma em que os trabalhos deveriam ser apresentados, o que abriu espaço para a criatividade. O estudante Tiago de Lima Souza, por exemplo, escreveu um poema criticando as pichações de sua escola. “Na minha escola, tem muitas pichações nas mesas, então meu poema fala sobre o patrimônio público sendo desmoralizado”, comenta o aluno do colégio João Salim Miguel, em Bangu. Ele diz que conheceu o trabalho do TCE neste ano e inscreveu o poema depois do convite de uma professora.