O Serviço de Assistência Social (Seras) do Tribunal de Contas do Estado da Bahia convida os servidores do TCE, os estagiários e seus respectivos responsáveis para a palestra interativa na quinta-feira, dia 26 de junho, pela manhã e à tarde, na Sala de Treinamento do Ceice, com a psicóloga Jussara Fidelis. O evento faz parte das campanhas do Programa Saúde e Bem-Estar no TCE.
O dia 26 de junho é o Dia Internacional da Luta Contra o Uso e o Tráfico de Drogas e também Dia de Combate às Drogas. Veja abaixo artigo enviado pelo Seras sobre tão importante assunto:
O Mito das Drogas e a Sociedade no Século XXI
O mundo hoje vive uma guerra. Uma guerra declarada pelo narcotráfico. O crime organizado não é ficção e tem sido, na atualidade, um dos maiores desafios para o Estado de Direito.
O problema que cerca o mundo das drogas ilícitas é complexo e deve ser observado por várias vertentes:
1. O poder de sedução das drogas – O OBJETO
2. Análise do hospedeiro – O HOMEM
3. A nova ordem social – O PORQUÊ
4. Políticas Públicas como responsabilidade constitucional do Estado;
5. Estrutura hierarquizadas das organizações para o narcotráfico;
6. A dupla face da globalização levando os jovens a um processo de alienação.
1 . Função da droga
– minimiza a dor, o desconforto, as frustrações
– possibilita mudança da consciência
– busca pelo prazer imediato e da felicidade plena
Toda droga possibilita um estado de prazer que submete e sucumbe o indivíduo, levando-o à dependência.
O que é uma droga?
Do ponto de vista da OMS, qualquer substância natural, química ou sintética que modifica o comportamento ou leva à alteração da consciência.
O que é uma dependência? É o encontro do sujeito com um objeto, em determinado momento e que este não consegue dizer “não”.
O prazer que a droga oferece nem mesmo os usuários ou os dependentes são capazes de decifrá-la. O efeito das drogas minimizam os conflitos na adolescência, corroborados pelas crises de um novo modelo de sociedade que vem se estruturando por novos valores como: consumismo, hedonismo e individualismo.
2. Usuários, dependentes e traficantes – são pessoas com atitudes diferenciadas
A questão é entender: o que leva uma pessoa a ser operário das drogas entorpecentes ou o que está levando pessoas a buscarem cada vez mais alucinógenos, como: drogas ilícitas, rituais religiosos, ao consumismo descartável, a adicionarem mais vícios como: televisão, jogo, sexo, comida, redes sociais, etc?
Não vamos responsabilizar a droga. Ela é um objeto inerte, sem vida, sem alma. Nós damos vida ao objeto. Nossa proposta é refletir sobre as mudanças advindas de um mundo globalizado que vem provocando:
Um ritmo acelerado de transformações nos subjugando a uma corrida contra o tempo;
Uma percepção do “outro” nas ruas visto como inimigo;
A transformação da função da família (os papéis sociais do homem x mulher) incorrendo na fragilidade dos laços primários;
Ausência de figuras projetivas na formação do caráter do jovem em processo de desenvolvimento afetivo e cognitivo e definição de identidade;
Uma nova ordem social que tende à hiper racionalização e normatização de condutas com inversão de valores;
Questionamentos a respeito do progresso tecnológico deixando as novas gerações em estado de torpor.
Projeção em ídolos de papéis (jogadores de futebol, políticos corruptos, apologia à violência nas novelas, filmes e desenhos animados, etc..)
Um vazio hospedeiro em que a sociedade cria e recria com seus padrões de superestrutura pelos prazeres imediatos;
Analisemos:
3. Estrutura da família Pós-moderna – como a família perpassa no seu interior orientações de caráter e escolhas, de disciplinas, de respeito às hierarquias. Como agir e orientar os filhos moldados por uma sociedade perversa onde o valor é dado pelo que você tem e não pelo que você é.
4. Políticas públicas – quem são os governantes e como estes são eleitos que ao contrário da proteção e cuidados para com os cidadãos são corrompidos pela necessidade de acúmulo de dinheiro e poder.
O sistema político é secularmente excludente observando-se pelas altas taxas de desemprego; somado a isso são mais de 125 milhões de crianças que não frequentam as escolas. Segundo a OMS o uso de drogas é uma doença epidêmica e pode contaminar com mais facilidade os jovens que se encontram à mercê ou os mais próximos delas. Quem são esses jovens que compõem os grupos de risco vivendo nas favelas, nos morros, sem pertença e inclusão social. Todavia não se pode associar tráfico e violência e grupos de risco aos excluídos. Os operários das drogas estão em todas as classes sociais não importando a raça, o sexo e nível cultural.
5. A estrutura hierarquizada do narcotráfico compete com o sistema burocrático do Estado de Direito no que tange às políticas públicas preventivas para lidar com o problema das drogas ilícitas no Brasil.
A administração para o narcotráfico impõe situações de atuações para compra, venda, disputa de “território”, atos de vandalismos e criminalidade baseados em suas próprias leis.
6. A dupla face da globalização tanto pode auxiliar a vida das pessoas, pela facilidade de comunicação como, de maneira negativa, facilitar esquemas de atuações criminosas pelo narcotráfico.
O QUE FAZER? Alguns pontos a debater:
Atuações preventivas envolvendo Estado, através de políticas públicas voltadas para essas questões;
Orientação dos familiares para uma educação baseada pela disciplina e responsabilidade (ponto de partida e referência de lei);
Orientação dos educadores para lidar com o jovem para o enfrentamento da competitividade;
Educação baseada na verdade;
Dar liberdade vigiada à distância;
Desmistificação das drogas ilícitas;
Demonstrar confiança e credibilidade para os jovens;
Elogios e desculpas quando aprouver;
Saber administrar o amor de modo afetivo e efetivo.
Jussara Fidelis é psicóloga com Mestrado em Ciências Políticas com o tema Tráfico e Políticas Públicas (“O Que a Venda das Drogas Quer Desvendar da Sociedade”).