Você já refletiu sobre o poder transformador do ato de decidir?

João Antonio

“Decisões impulsivas podem gerar consequências indesejadas, enquanto a reflexão cuidadosa permite escolhas mais acertadas. A pressa e a emoção desenfreada são inimigas da boa tomada de decisão.”

O ato de decidir está presente em todos os aspectos da vida. Ao analisarmos o significado do termo “decidir”, encontramos diversas definições: resolver, deliberar sobre algo, decretar ou estabelecer uma regra, entre outras. Existem decisões simples, como atravessar a rua, e decisões mais complexas, que podem mudar nossa vida para sempre ou impactar toda a sociedade. Assim, decidir se confunde com o próprio ato de viver.

Aristóteles, há mais de 2.300 anos, já ensinava que o ser humano é naturalmente social. Viver em sociedade, seja por necessidade ou por desejo, faz parte da nossa essência. O filósofo também nos alertava sobre a importância de analisar as circunstâncias antes de escolher entre dois extremos. Em outras palavras, a inteligência emocional está diretamente ligada à capacidade de interpretar a realidade antes de tomar uma decisão.

Em outros termos, equilíbrio e serenidade são fundamentais para decidir com sabedoria, principalmente em situações complexas ou de grande repercussão social. Decisões impulsivas podem gerar consequências indesejadas, enquanto a reflexão cuidadosa permite escolhas mais acertadas. A pressa e a emoção desenfreada são inimigas da boa tomada de decisão.

Muitas vezes, decidir significa, diante de múltiplas opções ou opiniões divergentes, saber escolher com sabedoria ou buscar um acordo equilibrado. Ouvir os pontos de vista contrários antes de tomar uma decisão é um ato de prudência e diligência. Os princípios de escuta, conciliação e consenso são essenciais no processo que antecede qualquer escolha. Em contextos complexos, decidir sem ouvir pode revelar um traço autoritário e comprometer a legitimidade da decisão.

Quem deseja desenvolver o autocontrole e tomar decisões que equilibrem suas expectativas individuais com a harmonia social precisa encontrar um ponto de equilíbrio entre razão e emoção. Esse equilíbrio não se trata de neutralidade absoluta, mas da habilidade de analisar cada situação com discernimento e sensatez, reconhecendo contradições e, com realismo, construindo uma estabilidade justa e sustentável.

Por fim, interpretar corretamente as circunstâncias, avaliar a correlação de forças envolvidas em cada decisão e medir suas possíveis consequências são passos essenciais para evitar erros ou escolhas inadequadas. Decidir é um ato que inevitavelmente gera consequências. Toda escolha implica romper com o que já existe, preservar ou transformar conceitos, realidades e estruturas, sejam elas consolidadas ou ainda em formação. No entanto, a incerteza, por si só, não impulsiona o progresso. Portanto, na hora de decidir analise com cuidado, faça um boa leitura das circunstâncias, reflita com discernimento, mas, acima de tudo, tenha a coragem de decidir.

João Antonio é conselheiro do TCM-SP e vice-presidente da Atricon