A Escola Municipal Zumbi de Palmares é um choque de realidade que escancara a falta de investimento na educação pública do País. Localizada no Distrito Industrial, pertinho do aeroporto de Governador Valadares, Região do Vale do Rio Doce, a instituição de ensino atende à comunidade de baixa renda da cidade e funciona em um velho galpão adaptado ao ambiente escolar. A maioria das salas de aula sequer possui porta. Alunos e professores disputam os ensinamentos com o barulho que vem da quadra de esportes, improvisada no ambiente ao lado. O calor e o abafamento, mesmo no outono, completam o cenário.
Apesar da precariedade, agravada pela falta de verbas direcionadas adequadamente para a educação, a equipe conduzida pela diretora Maria Cristina batalha com amor e afinco para educar os quase 650 alunos matriculados do primeiro ao nono ano do ensino fundamental. Lá, de acordo com a diretora, muitos deles fazem suas únicas refeições: café da manhã, lanche, almoço e uma fruta. Entram às sete e saem às três da tarde, muitos deles para retornar a uma realidade bem mais caótica do que aquela encontrada na escola.
É fato que os problemas estruturais da educação são generalizados e muitas escolas do estado e do país têm uma realidade mais sofrida do que a de Zumbi de Palmares, escolhida para ser a primeira escola de Minas a receber o Projeto Conhecer, direcionada ao projeto “Na Ponta do Lápis”. Idealizado pelo presidente do TCE-MG, Cláudio Terrão, o “Na Ponta do Lápis” visa fiscalizar a qualidade da educação nas instituições de ensino mineiras.
O presidente, os servidores Pedro Henrique Magalhães Azevedo, Naila Mourthé e Gustavo Terra Elias falaram, nesta quinta-feira (08/06), para três turmas do nono ano do ensino fundamental. A proposta foi mostrar aos alunos a importância da educação e também incentivar a formação cidadã. Em linguagem simples, eles explicaram a constituição dos Poderes do Estado brasileiro e fizeram uma breve introdução sobre o que é e o que faz um tribunal de contas.
Cláudio Terrão entrou nas salas e contou para os jovens e adolescentes um pouco da sua história de vida, muito parecida com a de alguns que ali estavam. Terrão falou sobre a sua infância repleta de dificuldades, da falta de recursos para estudar e do árduo caminho que percorreu para chegar à posição que tem hoje. De engraxate e vendedor de picolé na praia e nas ruas do Rio de Janeiro a especialista em aviões e presidente do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais. Ele enfatizou a importância dos estudos para as realizações e para as verdadeiras mudanças na vida.
O presidente disse ainda que o Tribunal de Contas vai trabalhar para que as escolas tenham as condições que os alunos merecem e convidou os jovens para não deixarem de perseguir seus ideais. “Continuem estudando, não deixem que as dificuldades os impeçam de realizar os seus sonhos” – concluiu.