Durante a palestra magna proferida na solenidade de abertura do III Congresso Internacional dos Tribunais de Contas (III CITC) realizada na noite da quarta-feira (29), em Fortaleza (CE) o especialista em segurança nacional Miles Taylor, que é ex-chefe do Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos, alertou para os riscos iminentes causados pela popularização do uso de Inteligência Artificial para produzir desinformação.
Graduado pela Universidade de Indiana, com mestrado em relações internacionais em Oxford, Taylor mostrou que, com as novas tecnologias de informação e comunicação, notícias falsas podem ser disseminadas com uma velocidade assustadora. “Nas mídias sociais, Fake News podem ser disseminadas seis vezes mais rápido”, afirmou.
Ele demonstrou que a partir de um telefone celular é possível produzir, em minutos, um vídeo com as feições ou uma mensagem de áudio com a voz de qualquer pessoa. Assim, será muito difícil para os cidadãos saber se receberam uma mensagem de familiares ou pessoas muito próximas, ou se estão sofrendo uma tentativa de manipulação por parte de um desconhecido com intenções maliciosas. “Quando as pessoas não conseguirem mais saber o que é real, elas vão perder a capacidade de acreditar no próprio Estado.”, afirmou.
Taylor, em sua apresentação, disse que a propensão em acreditar em notícias falsas são decorrentes do próprio processo evolutivo do ser humano. Elas remontam às características tribais dos humanos, que tendem a se fechar em grupos, reforçando o sentimento de existência de um inimigo comum (nós x eles) e o instinto de proteção, e vão ao encontro dos conceitos de dissonância cognitiva – que leva pessoas a encontrarem coerência em suas crenças e ideologias ainda que a realidade as desminta com fatos – e viés de confirmação, que é a tendência de interpretar informações de acordo com suas crenças.
O especialista, que já foi alvo de ataques de ódio após ser associado a uma teoria da conspiração pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, disse, contudo, que é possível e necessário que instituições públicas se preparem para mitigar danos, que já podem ser consequências imprevisíveis em processos eleitorais, inclusive na disputa pela presidência dos Estados Unidos que deve ocorrer em 2024. “Não estamos preparados. E a democracia depende disso”, afirmou.
Ele listou algumas medidas que podem ter impacto positivo nessa luta pela manutenção das democracias, que incluem educação pública que capacite crianças e jovens a reconhecer os riscos desse novo ambiente informacional e a preparação de servidores públicos.
O Congresso
O III Congresso Internacional dos Tribunais de Contas (CITC) ocorre entre os dias 28 de novembro e 1º de dezembro, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. Serão quatro dias de programação, 57 atividades, 102 palestrantes e 1,5 mil inscritos.
Acompanhe a cobertura completa e apresentações dos painelistas no site da Atricon. As fotos estarão disponíveis no Flickr. A programação pode ser acessada diretamente no site do Congresso e contará com palestras, encontros técnicos, reuniões e outras atividades, como oficinas e capacitação.
O evento é promovido pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas (Atricon) em conjunto com o Instituto Rui Barbosa (IRB), o Tribunal de Contas do Estado do Ceará, Associação Brasileira dos Tribunais de Contas dos Municípios (Abracom), Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros Substitutos dos Tribunais de Contas (Audicon) e Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC), com o patrocínio do Sebrae, da Água Mineral Natural Indaiá, do Banco do Nordeste e do Governo Federal.
O apoio é da Associação Nacional do Ministério Público de Contas (AMPCON), do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais de Contas (CNPGC), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Instituto Dragão do Mar, das Secretarias da Cultura e do Turismo do Estado do Ceará e do Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso (TCE-MT).
Texto: Heloísa Lima (TCE-GO)
Edição: Vinicius Appel
Foto: Tony Ribeiro