Com pesquisas, dados e reflexões sobre a comunicação nas instituições, o jornalista e pesquisador Thomas Traumann iniciou a programação de apresentações do II Congresso Nacional de Comunicação dos Tribunais de Contas (CNCTC), realizado em Vitória, nesta quinta-feira (4), com a conferência magna do evento, sobre “A relação das instituições com a sociedade em tempos de polarização”.
Com histórico de atuação na imprensa, na estratégia digital do governo federal e atualmente com consultoria especializada em estratégias de comunicação corporativa, Traumann demonstrou a importância da realização das pesquisas para que cada órgão público possa entender com quem está falando e quem é o usuário do serviço público.
“O Tribunal de Contas e os órgãos públicos não são torres de marfim, e a comunicação deles deve ser feita no chão, onde estão os interesses das pessoas, dos contribuintes”, salientou, utilizando a expressão metafórica sobre intelectuais que se envolvem em questionamentos desvinculados das preocupações práticas do dia-a-dia.
Ele apresentou dados de pesquisas sobre o quanto o brasileiro confia nas instituições, como o Poder Executivo, Ministério Público, Judiciário, Congresso Nacional e imprensa, mostrando que os índices são preocupantes, ou porque as instituições não entregam o que deveriam, ou pois não informam aquilo que estão fazendo.
Considerando o cenário político polarizado do país, mostrou também como cada grupo político se informa, como consumir se tornou um ato político, e os aspectos de um país que tem se demonstrado intolerante e com “calcificação política”, em que paixões políticas geram um processo que produz endurecimento e rigidez.
“Quando temos uma polarização muito forte, é como se enfrentássemos uma guerra, onde um dos lados precisa vencer, precisa combater o outro. Existe uma profunda sensação de desunião. A política transbordou para o dia a dia das pessoas e nós precisamos entender isso para fazer boa comunicação”, ressaltou Traumann ao fazer uma leitura do cenário político no país.
Regulação e princípios
O jornalista salientou sobre a importância da regulamentação das redes sociais e da inteligência artificial para haver uma comunicação mais eficiente.
“Enquanto não tivermos regulamentação, viveremos numa selva de pedra. Se não tivermos regras claras, que permitam aferir o que está sendo feito e como as pessoas podem ser punidas, isso pode piorar. A calcificação no cotidiano será ampliada em 2026 se não houver uma distensão pelo diálogo e pelos acordos mínimos de convivência. Os poderes têm responsabilidade, mas também as empresas, as universidades e as organizações civis”, afirmou.
Em seguida, Traumann pontuou questões que devem ser observadas pelos comunicadores públicos em tempos polarizados, destacando principalmente a impessoalidade e a transparência.
“A população precisa ter fácil acesso aos gastos das instituições. Eu admiro muito o trabalho dos Tribunais de Contas, pois se eu quiser saber o preço de 1 km de asfalto, quanto custa um aluno no Brasil, a melhor fonte são vocês. Vocês têm hoje o melhor repositório de dados do Brasil. Isso também é prestação de contas, é poder dar os parâmetros”, frisou.
Ao fim de sua apresentação, o palestrante abriu espaço para responder aos questionamentos do público.
II CNTPC
Mais de 400 profissionais estão em Vitória, nestes dias 4 e 5 de julho, para o II Congresso Nacional de Comunicação dos Tribunais de Contas. A edição deste ano tem como tema central o “Papel da Comunicação Pública na Defesa da Democracia”. São 12 atividades, entre paineis, palestras e oficinas, que abordam assuntos da atualidade mais importantes para uma comunicação eficiente.
O II CNCTC é uma realização do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES), da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon), Instituto Rui Barbosa (IRB), Associação Brasileira dos Tribunais de Contas dos Municípios (Abracom), Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC) e Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros Substitutos dos Tribunais de Contas (Audicon).
O evento tem o patrocínio de Banestes, Banrisul, Tribunais de Contas do Estado do Amapá, de Goiás e do Amazonas. Além disso, há apoio do Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do Programa de Combate à Desinformação, do Governo do Estado do Espírito Santo, da Prefeitura de Vitória, da Companhia de Desenvolvimento, Turismo e Inovação de Vitória (CDTV), da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes), da Asociación de Entidades Oficiales de Control Público del Mercosur (ASUR), da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABC Pública), da TVE-ES, da Assembleia Legislativa do Espírito Santo e dos Tribunais de Contas do Estado de Mato Grosso e Santa Catarina.
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Reveja aqui a palestra de abertura.
Fonte: TCE-ES