Em comemoração ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado no dia 27 de setembro, o Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul realizou na manhã desta terça-feira, dia 10, por meio da Escola Superior de Controle Externo, uma palestra sobre a importância da doação de órgãos, seus mitos e verdades. Servidores da Corte de Contas foram convidados a participar de um bate papo com a coordenadora da Central de Transplantes do Estado, Claire Carmen Miozzo, com a enfermeira do Banco de Olhos da Santa Casa, Adriana Botaro, e a oftalmologista Fabiana Orondjian Verardo, especialista em transplante de córneas. A programação é alusiva a Campanha Setembro Verde, realizada em todo o País para incentivar a doação de órgãos.
A farmacêutica Claire Carmen Miozzo, que coordena a Central Estadual de Transplantes há 18 anos, apresentou números que mostram a realidade no Estado, que está apto a realizar transplantes de córnea, rim, tecido músculo esquelético e, em breve, coração. Segundo ela, a negativa familiar para a doação de órgãos, após a constatação de morte encefálica, ainda é muito alta. “Para se tornar um doador basta manifestar essa vontade em vida para a família, deixar isso bem claro, porque somente ela poderá autorizar essa doação”.
Claire explica que houve uma grande evolução com o aumento de hospitais notificadores de morte encefálica e de captação de órgãos, mas que as doenças crônicas também aumentaram significativamente, o que faz crescer cada vez mais a fila de pessoas à espera de um órgão para a realização de transplantes. Hoje em Mato Grosso do Sul 210 pessoas aguardam na fila a doação de córneas e 121 estão à espera de um rim. “É importante ressaltar que as filas são estaduais, a prioridade é sempre do morador do Estado. Somente quando o órgão não pode ser transplantado aqui, por algum motivo de incompatibilidade, a Central Estadual oferece o órgão para a Central Nacional de Transplante, em Brasília, a fim de que ele possa beneficiar outro paciente.”
Especialista em transplante de córneas, a oftalmologista Fabiana Orondjian Verardo, explica que, diferente dos demais órgãos, o transplante de córneas não depende de compatibilidade entre o doador e o receptor porque ela é um tecido avascular. “É claro que rejeições podem acontecer, principalmente no primeiro ano após o procedimento, e podem chegar a um índice de 10 a 15% ao longo de toda a vida. Crianças também têm mais pré-disposição para a rejeição.” A médica também esclareceu que hoje algumas clínicas particulares da Capital já estão habilitadas a fazer a cirurgia, assim como o Hospital São Julião e a Santa Casa de Campo Grande.
O Brasil é considerado referência mundial, com o maior sistema público de transplantes do mundo. Atualmente, cerca de 96% dos procedimentos são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O país é o segundo maior transplantador mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. Os pacientes recebem assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante, pela rede pública de saúde. Os órgãos e tecidos que podem ser doados após a morte são: rim, pulmão, coração, válvulas cardíacas, fígado, córnea, ossos, pele, pâncreas e intestino.
Tania Sother