O uso de inteligência artificial em auditorias foi o tema centralizador das experiências exitosas apresentadas na Sala dos Minérios durante o último dia do 2º Laboratório de Boas Práticas, que ocorre no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá (MT). O encontro reuniu pelo menos 600 participantes dos 33 órgãos de controle do país.
A organização do evento é da Atricon e do Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso (TCE-MT), com apoio do Instituto Rui Barbosa (IRB), da Abracom e do CNPTC. No decorrer da programação, houve palestras e oficinas sobre 70 boas práticas desenvolvidas pelos órgãos de controle e catalogadas pelo projeto Marco de Medição de Desempenho dos Tribunais de Contas (MMD-TC).
Em cada uma das cinco salas do evento, na manhã desta sexta-feira (23), foram apresentadas entre três e cinco experiências. No Auditório dos Minerais, foram expostas as boas práticas “Painel de Obras Paralisadas (TCE-ES)”, “Procedimentos Digitais em Auditoria (TCU)”, “Adoção do Sistema de Gerenciamento do Plano de Fiscalização Anual (TCE-RN)”, “Detecção e análise de indícios de conluios mediante aplicação de inteligência artificial (TCE-PB)” e “Utilização de recursos de inteligência artificial como ferramenta de auditoria (TCE-RS)”. A mediação foi do conselheiro Sergio Ricardo de Almeida (TCE-MT).
TCE-ES – Painel de Obras Paralisadas
O painel de monitoramento do TCE-ES, apresentado pela auditora Flavia Holz Meirelles Pereira, traz informações de aproximadamente três mil obras públicas realizadas pelas unidades gestoras do Estado. A ferramenta mostra, entre outras informações, o andamento das benfeitorias, os valores envolvidos, as localizações, o tempo de paralisação, bem como as empresas e unidades gestoras responsáveis. O sistema também informa as áreas beneficiadas, como transporte, educação, meio ambiente, recursos hídricos e saneamento, e o percentual de necessidade de atenção especial quanto à execução.
TCU – Boas práticas em procedimentos digitais de auditoria
A boa prática objetiva oferecer apoio aos servidores do Tribunal de Contas da União nos processos de adaptação do sistema de trabalho híbrido, possibilitando o desempenho de atividades do controle externo de forma virtual. Entre as ações desenvolvidas está a criação de um ambiente para produtos, serviços e soluções em ambiente online.
A partir de 2023, a Secretaria de Controle Externo organizou as unidades técnicas em sete temas finalísticos, e cada uma dessas áreas passou a contar com um Núcleo de Dados. Essa estrutura é formada por um grupo de pessoas especializadas em análises de dados com foco na produção de análises automatizadas, alertas e tipologias e soluções inovadoras sobre os assuntos correlatos ao seu tema. Para a governança dessas iniciativas foi criada uma estrutura de coordenação em rede, com liderança centralizada.
Entre as tecnologias adotadas está a utilização do Microsoft Sharepoint, plataforma de colaboração entre grupos de aplicação na web que permite compartilhamento de arquivos, informações, notícias e recursos com os colaboradores e jurisdicionados. Também foram produzidos vídeos, com passo a passo de utilização das diversas ferramentas disponibilizadas pelo TCU, desde a preparação da estação de trabalho, passando pelo relacionamento “digital” com o auditado, até a obtenção de informações e compartilhamento de resultados. Para o expositor da boa prática, um dos resultados mais significativos alcançados pela iniciativa foi o aumento de produtividade das equipes.
TCE-RN – Adoção do Sistema de Gerenciamento do Plano de Fiscalização Anual (SISGFA)
A auditora Márcia Soares Marques expôs a forma de funcionamento da boa prática, que consiste na adoção de fluxos para o gerenciamento das ações contidas no plano de fiscalização dos órgãos de controle. O sistema analisa, por exemplo, os critérios de seletividade de risco, probabilidade de possíveis irregularidades, a materialidade e o interesse da sociedade sobre determinada ação para que ela possa fazer parte das iniciativas fiscalizatórias. A ferramenta, que auxilia em todas as etapas das auditorias, traz também campos para a inclusão da descrição da atividade, os setores envolvidos, as unidades jurisdicionadas e as formas de comunicação com os públicos de interesse. “Ao final, enviamos os relatórios para a análise do Pleno do TCE-RN. A sistemática traz agilidade e organização para as atividades”, disse.
TCE-PB – AJUNTA – Detecção e análise de indícios de conluios mediante aplicação de inteligência artificial
Os expositores da iniciativa, Josedilton Alves Diniz e Fábio Oliveira Guerra, destacaram que a ferramenta criada pelo TCE-PB realiza, por meio de inteligência artificial, a identificação de indícios de práticas ilegais de agrupamento de empresas em licitações públicas. O sistema analisa, de forma automática, o processamento dos documentos e cruzamentos de dados dos certames lançados pelos municípios e Estado. Para chegar aos resultados, a AJUNTA examina informações de empresas, órgãos envolvidos, sócios, parentes, funcionários e de servidores públicos, além de denúncias recebidas. A ferramenta emprega modelos de processamento de linguagem natural (PLN) e detecção de padrões nos processos.
TCE-RS – Utilização de recursos de inteligência artificial como ferramenta de auditoria
Com o objetivo de tornar o controle externo mais eficiente, agilizando os trabalhos de auditoria, o TCE-RS adota em suas rotinas de fiscalização uma série de ferramentas de inteligência artificial. A diretriz faz parte do Planejamento Estratégico do órgão de controle, e contempla a criação de infraestrutura tecnológica para suportar o desenvolvimento de soluções que gerem informação e conhecimento a partir dos dados disponíveis utilizando ciência de dados e inteligência artificial. “O uso das ferramentas ampliaram a capacidade da atuação preventiva e concomitante”, disse o auditor Aramis Ricardo Costa de Souza (TCE-RS). Na exposição, o auditor apresentou os robôs utilizados pelo TCE-RS nas suas rotinas e detalhou as finalidades de cada ferramenta.
Foto: Douglas Santos (TCE-SC)