Durante o lançamento do Pacto Paraibano pela Primeira Infância, realizado nesta segunda-feira (28), o representante institucional da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) nos assuntos da Primeira Infância, conselheiro Edson Ferrari, chamou atenção para os 30 milhões de brasileiros que moram nos 1.477 municípios que compõem o semiárido, onde milhares são vitimados pela diarreia antes de completar dois anos de idade.
Ferrari, que preside o Comitê Técnico da Primeira Infância do Instituto Rui Barbosa (CTPI-IRB), alertou para o agravamento das desigualdades sociais e econômicas citando o sociólogo Domenico de Masi, que estuda o paradoxo de um mundo cada vez mais rico e mais desigual. “Em 2022 ele esteve em nosso país para lançar seu mais recente livro e criticou o fato de que apenas oito pessoas mais ricas tem a mesma riqueza de mais da metade de toda a humanidade. E vaticinou que estamos na presença de uma diferença jamais vista”, apontou.
O descompasso entre a economia e os indicadores sociais foram abordados na exposição: “Se levarmos em conta o Produto Interno Bruto, o Brasil é a oitava economia do mundo, entretanto amarga a posição de número 89 quando se mede o Índice de Desenvolvimento Humano. Paradoxalmente, somos um dos maiores produtores e exportadores mundiais de alimentos, enquanto cerca de dois milhões e 300 mil crianças brasileiras passam fome, submetidas à desnutrição que vai de leve, moderada e aguda, causadora de estresse tóxico, raquitismo, doenças graves e de mortes”.
Referiu-se também a artigo da jornalista Andréia Peres, publicado pela revista Veja, sob o título “Desigualdades na primeira infância são altas e persistentes no país.” Dentre as várias evidências que a autora extraiu do segundo Livro da Primeira Infância, pinçou da apresentação escrita pelo conselheiro goiano a seguinte frase: “A desigualdade não acontece por acaso, mas é um objetivo intencional. É o resultado de uma política econômica que tem por base o egoísmo, a competição como método e a infelicidade como propósito.”

PACTO PARAIBANO
Depois de discorrer sobre o trabalho que os tribunais de contas vêm fazendo para sensibilizar a consciência nacional para a gravidade da situação que a primeira infância se encontra, Ferrari parabenizou o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB), prefeitos e dirigentes das demais entidades públicas e da sociedade civil pela edição do Pacto Paraibano pela Primeira Infância. “Antes mesmo de ser eleito presidente do TCE-PB, o conselheiro Fábio Nogueira já se preocupava com a temática da primeira infância e já conversávamos sobre a necessidade de realizarmos um diagnóstico detalhado do semiárido, que abrange partes da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão”, complementou.
Após classificar como inaceitáveis as taxas de mortalidade materna, mortalidade infantil e mortalidade na infância, o conselheiro afirmou que elas decorrem das condições de vida das famílias em situação de pobreza ou de extrema pobreza, agravadas pela insuficiência e baixa qualidade dos serviços de saúde oferecidos, começando pelas consultas às gestantes, indo até o parto e os cuidados aos bebês, vacinação e alimentação adequada.
Foto: TCE-PB
Fonte: TCE-GO