João Antonio da Silva Filho
O presente, como único tempo tangível, carrega em si a totalidade da experiência humana. Tudo o que somos e tudo o que vivemos ocorre no agora, enquanto o futuro permanece um conceito abstrato e incerto. A filosofia nos ensina que a realidade do momento presente é a única que podemos realmente acessar e modificar. Por isso, a valorização do agora é fundamental para uma vida plena e consciente. Viver no presente significa reconhecer a sua profundidade e a sua capacidade transformadora, sem se deixar consumir por especulações ou ansiedades sobre uma realidade que ainda não está posta.
O futuro, embora intangível, é uma construção da imaginação humana, um projeto que orienta nossas ações e decisões no presente. No entanto, essa projeção futura é sempre limitada pela subjetividade e pelas incertezas inerentes à vida. Na tentativa de medir ou prever o futuro, corremos o risco de perder de vista a complexidade e a imprevisibilidade que caracterizam a existência. A filosofia nos convida a refletir sobre essa tensão entre o agora e o que está por vir, nos lembrando que o futuro, por mais elaborado que seja, nunca deve ser visto como uma certeza, mas como uma possibilidade aberta a múltiplas interpretações.
A construção do amanhã, portanto, é um exercício de intersubjetividade, onde diferentes perspectivas se encontram para criar uma realidade comum. Este processo é fundamental para o desenvolvimento de relações sociais equilibradas, pois é na diversidade que encontramos o potencial para o crescimento mútuo. A sabedoria humana sugere que, ao engajarmos em diálogos com o outro, estamos constantemente reavaliando e ajustando nossas próprias visões de mundo, construindo um futuro que, embora incerto, é moldado coletivamente. A democracia, nesse sentido, é o palco onde essas interações se dão, exigindo um equilíbrio delicado entre liberdade individual e responsabilidade coletiva.
Relações equilibradas são cruciais para a paz social e o desenvolvimento integral do ser humano. O equilíbrio nas relações não significa a ausência de conflito, mas a capacidade de lidar com as diferenças de forma construtiva e respeitosa. As relações sociais enfatizam que a justiça e a equidade surgem quando indivíduos e grupos conseguem encontrar um terreno comum, onde os interesses divergentes são reconhecidos, negociados e acordados. Este equilíbrio é essencial não apenas para evitar tensões e violência, mas também para promover uma sociedade em que todos os indivíduos possam alcançar seu pleno potencial.
A filosofia, com sua capacidade de questionar e de abrir novos horizontes de pensamento, é uma ferramenta essencial na construção de um futuro que respeite a dignidade humana e promova o bem comum. Ao nos instigar a refletir sobre a importância do presente, sobre a natureza incerta do futuro e sobre a necessidade de relações sociais justas e equilibradas, a filosofia nos guia em direção a uma compreensão mais profunda do nosso papel na sociedade. Ela nos lembra que o futuro é construído a partir das escolhas e ações do agora, e que o equilíbrio e a paz social são conquistas contínuas que dependem da nossa capacidade de dialogar, de ouvir o outro e assim, fincar no hoje estacas consistentes capazes de sustentar um futuro mais humanizado.
João Antonio da Silva Filho – Conselheiro do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP) e vice-presidente de Defesa de Direitos e Prerrogativas e Assuntos Corporativos da Atricon