Ao meu amigo e honorável conselheiro

Inaldo da Paixão Santos Araújo

Nas boas estradas da vida há sinais que nos orientam em meio aos inúmeros caminhos que surgem no trajeto. Esses sinais é que nos alertam para as nossas decisões e escolhas. Como exemplo dessa marca no mundo do trabalho, uma pessoa, em especial, sempre me serviu como referência profissional, retidão, integridade e sabedoria. Esse conselheiro, na acepção mais profunda da palavra, é o amigo, colega e exemplo de homem Antonio Honorato de Castro Neto (foto acima), que neste ano encerra suas atividades laborais no Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE/BA) ao aposentar-se após 25 anos de atuação.

Voz tranquila, jeito simples, afável no trato com as pessoas, o conselheiro Honorato sempre se comportou como um conciliador no Pleno do TCE/BA, impondo-se com seus argumentos firmes e aproveitando as linhas de raciocínio de seus pares a fim de enriquecer os debates com sabedoria e humor em torno dos processos, ação fundamental para o amadurecimento das ideias no âmbito jurídico. Tive a grande satisfação de integrar a equipe de gabinete do honrado conselheiro, a partir do ano 2000. E neste ambiente, desfrutei por 12 anos de verdadeiras aulas de convivência e política. Sim, Honorato comunga da grande premissa do patrono dos Tribunais de Contas, o mestre Ruy Barbosa, ao reconhecer que “a política é a higiene dos países moralmente sadios”.

Mestre da boa conversa, Honorato construiu grande parte do seu talento de conciliador na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, onde atuou por 17 anos, tendo exercido, entre outros cargos, a função de presidente da Casa do Povo. Dono de um notável bom humor, o conselheiro sempre conduziu as discussões com tranquilidade em seu gabinete. Com grande afinco, trabalhei ali exercendo os cargos de auditor, coordenador de gabinete e conselheiro substituto. Confesso que, com Honorato, aprendi muito mais sobre a importância de ouvir e de sopesar as opiniões antes de exercer o papel de julgador. Este clima proporcionado pela boa conversa e pela importância de se valorizar as oitivas nos dia a dia de trabalho é, sem dúvida, um valioso legado deixado por Antonio Honorato no TCE/BA.

Os sinais que marcam a jornada do homem sincero, de conduta inquestionável, se repetem na história familiar do conselheiro Honorato. Lembro-me de que, certa vez, escrevi o artigo Três Gerações no Caminho do Bem, publicado neste jornal Tribuna da Bahia, em 10/10/2022, no qual atentei para os valores de família do meu grande amigo. A narrativa traz um perfil da história do pai do conselheiro, Adolfo Viana de Castro, e do filho, o deputado Adolfo Viana de Castro Neto. Nesse breve retrato de gerações, descrevo os caminhos traçados pelas três personalidades, e concluo observando o quanto a estrutura familiar – com o suporte presente de Dona Italva e de Mariana – e a firmeza de caráter contribuíram para pavimentar o caminho de vidas marcadas pelo respeito ao livre pensar.

O que mais dizer ao grande amigo que se despede? Digo-lhe que, com saudade, sempre me lembrarei da sua conversa de varanda, cujas palavras soam como se estivéssemos em qualquer lugar de que muito gostamos. Lembrarei ainda do fino humor nas discussões oriundas das sessões plenárias. Recordar-me-ei, e ainda fruirei da boa prosa, pois amigo é aquele a quem procuramos quando queremos reviver os bons momentos. Sei que sempre contarei com os conselhos do amigo. E, esteja certo, a sua história será marcada, como sinal de sabedoria, na linha do tempo desta Casa de Contas e Controle. Meu forte abraço, amigo Honorato, e que Deus o ilumine sempre!

Inaldo da Paixão Santos Araújo é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado da Bahia

*O artigo foi publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia