O XIV Encontro Técnico de Educação Profissional dos Tribunais de Contas (Educontas) discutiu, nesta terça-feira (28), os impactos do desenvolvimento da inteligência artificial nas atividades das Cortes de Contas, especialmente nas escolas de contas. O Educontas faz parte dos Encontros com o Futuro, promovido pelo Instituto Rui Barbosa (IRB), durante o primeiro dia do III Congresso Internacional dos Tribunais de Contas (III CITC).
As palestras e mesas-redondas do XIV Educontas abordaram temas como ferramentas digitais, inteligência artificial, desafios para a gestão pública brasileira e para as escolas de contas do país, a inserção de disciplinas no Ensino Médio sobre o controle social e a fiscalização do uso de recursos públicos, entre outros temas.
Na mesa-redonda “As escolas de contas no novo cenário da inteligência artificial”, os professores João Batista Furlan Duarte, da Unifor, e José Antônio Fernandes de Macedo, da UFC, explicaram as potencialidades e os riscos das novas tecnologias para a educação e para a sociedade em geral. Entre os possíveis benefícios, estão a produção de ferramentas capazes de oferecer uma educação mais individualizada e eficaz e a disseminação de atividades de capacitação à distância. Já os possíveis riscos giram em torno de imprecisões nas informações oferecidas e ofensas a direitos autorais.
“É crucial identificar os poderes dessas tecnologias e a responsabilidade necessária para utilizá-las também”, apontou o professor João Batista Furlan Duarte. O professor José Antônio Fernandes de Macedo reforçou. “Não podemos deixar o futuro das inteligências artificiais somente na mão de grandes empresas. Os órgãos públicos que podem se beneficiar da IA devem ter setores de acompanhamento para utilizar as ferramentas”, disse.
Em seguida, foi apresentado o case da implantação da disciplina “Formação para Cidadania e Controle Social”, ofertada na rede de educação estadual do Ceará e que apresentou aos alunos conceitos de controle social. A disciplina eletiva foi ofertada durante o ano de 2023 e alcançou 50 escolas no primeiro semestre e 61 escolas no segundo semestre. A coordenadora do Instituto Plácido Castelo, do Tribunal de Contas do Ceará, Eloisa Vidal, explicou como a disciplina foi formatada. “Começamos desenhando os objetivos. Resolvemos trabalhar a partir da cidadania e controle social. Era o nosso foco ao preparar a disciplina para o Ensino Médio”, disse.
O professor Paulo Daniel Braga dos Santos, responsável por ministrar a disciplina na cidade de Apuiarés, no interior do estado, detalhou todo o percurso dos alunos para conhecer como funciona a administração pública e como fiscalizar as ações dos gestores. “Essa disciplina deveria ser obrigatória, pela construção da cidadania. Nossos alunos estão efetivamente praticando a cidadania”, afirmou. A conselheira do TCE-CE Soraia Victor destacou a importância da iniciativa da Corte de Contas e o seu papel para a formação de cidadãos.
Na palestra de encerramento do Encontro Técnico, o professor da Fundação Getúlio Vargas, Fernando Luiz Abrucio, abordou a importância das escolas de formação, como as escolas de contas, para se enfrentar os desafios futuros da gestão pública. “Precisamos olhar os desafios específicos do Século XXI. Além disso, precisamos fortalecer a ideia de público, redefinir a relação entre estado e sociedade”, argumentou. “Profissionalizar a gestão pública é um passo fundamental. Na maior parte das vezes, o problema não é má-fé, mas falta de formação e informações”, finalizou.
O Congresso
O III Congresso Internacional dos Tribunais de Contas (CITC) ocorre entre os dias 28 de novembro e 1º de dezembro, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. Serão quatro dias de programação, 57 atividades, 102 palestrantes e 1,5 mil inscritos.
Acompanhe a cobertura completa e apresentações dos painelistas no site da Atricon. As fotos estarão disponíveis no Flickr. A programação pode ser acessada diretamente no site do Congresso e contará com palestras, encontros técnicos, reuniões e outras atividades, como oficinas e capacitação.
O evento é promovido pela Associação dos Membros dos Tribunais de Contas (Atricon) em conjunto com o Instituto Rui Barbosa (IRB), o Tribunal de Contas do Estado do Ceará, Associação Brasileira dos Tribunais de Contas dos Municípios (Abracom), Associação Nacional dos Ministros e Conselheiros Substitutos dos Tribunais de Contas (Audicon) e Conselho Nacional de Presidentes dos Tribunais de Contas (CNPTC), com o patrocínio do Sebrae, da Água Mineral Natural Indaiá, do Banco do Nordeste e do Governo Federal.
O apoio é da Associação Nacional do Ministério Público de Contas (AMPCON), do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais de Contas (CNPGC), da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Instituto Dragão do Mar, das Secretarias da Cultura e do Turismo do Estado do Ceará e do Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso (TCE-MT).
Texto: Isaac Lira
Edição: Vinicius Appel
Foto: Tony Ribeiro