O entusiasmo com o hidrogênio verde no Ceará é plenamente justificável, embora existam muitos desafios a serem superados, que envolvem desde a diminuição da perda no processo de eletrólise até a redução dos custos e dos riscos de armazenamento e transporte, atualmente ainda muito elevados. Há muito investimento nos principais centros de pesquisa do mundo para superar esses obstáculos. No armazenamento e transporte, por exemplo, uma das possibilidades promissoras é a transformação do hidrogênio em amônia, bem mais fácil de transportar.
Diferentemente do que ocorre em boa parte do mundo, em que a principal dificuldade é a disponibilidade de energias renováveis para produzi-las – essencial para a produção de hidrogênio verde -, o Nordeste, e o Ceará, em particular, é pleno de sol e de ventos. Consideráveis parcelas de nosso território são de terras improdutivas, sob um sol escaldante, com pouquíssimas e irregulares chuvas, inviáveis economicamente para a agricultura e a pecuária.
Um uso alternativo óbvio para essas vastas faixas de terra são as fazendas de energia solar. É claro que os cuidados de preservação de áreas de caatinga devem ser observados, mas, de uma forma geral, há uma avenida de possibilidades. Também a energia eólica, com a fronteira de um extenso litoral, que pode ser explorado para usinas offshore. Sem falar na fonte ainda pouco explorada da energia proveniente das ondas do mar.
Passos importantes têm acontecido: os protocolos de intenção de bilhões de reais, a união das elites políticas e empresariais do Estado do Ceará em torno do tema, a criação da subcomissão no Senado para colocar o assunto na agenda de prioridades do País, uma vez que uma série de providências regulatórias nacionais ainda são necessárias e parecem estar bem encaminhadas.
Há razões, portanto, para acreditar que o Ceará possa crescer a taxas aceleradas nos próximos anos, tornando-se uma potência na produção de energia, tanto para o mercado interno quanto para o exterior, superando a desconfortável situação de uma renda per capita de pouco mais da metade da renda per capita brasileira. Assim como o litoral, repleto de possibilidades, há fundamentada esperança de que o sertão experimente uma expansão econômica e social significativa, abandonando uma história de aridez e estagnação.
Edilberto Pontes – Presidente do IRB