É muito difícil imaginar como seria o mundo sem a genial invenção de Johannes Gutemberg em 1439: a impressão por tipos móveis e a utilização de tinta a base de óleo, permitindo a impressão de grande quantidade de livros a baixo custo. A imprensa libertou o conhecimento. A multiplicação dos livros revolucionou a história humana. A imprensa não apenas retratou mas transformou o mundo.
Sem a imprensa não haveria a Renascença ou a Reforma; sem a imprensa Newton não teria formulado as leis da física, a partir da leitura de Copérnico e Galileu, plantando as sementes da revolução científica; sem a imprensa Voltaire, Rousseau e os enciclopedistas não teriam disseminado as ideias que inspiraram a Revolução Francesa. Sem a livre circulação de ideias não teria sido possível a independência dos Estados Unidos, nem posteriormente da América Latina. Sem jornais, revistas e panfletos o Brasil não viveria a campanha dos abolicionistas no século XIX ou a das eleições diretas no século XX.
Desde sempre os poderosos buscaram cercear a liberdade de imprensa. A monarquia portuguesa proibiu a existência de impressoras no Brasil. Assim, o primeiro jornal brasileiro, o Correio Braziliense, foi publicado em Londres e imediatamente censurado no Brasil. Ao longo de nossa história, a imprensa tem cumprido com desassombro o papel de denunciar mazelas e desmandos de diversas origens e intensidade.
Hoje no mundo ainda são inúmeras as violações à liberdade de imprensa. Países como a Venezuela tentam sufocar o jornalismo independente. Outros como Cuba, Irã, Coreia do Norte e China, além de censurar a mídia impressa, criam restrições ao acesso a informações pela internet. Em 2014, 118 jornalistas foram assassinados, 119 sequestrados, 178 presos, 853 detidos, 1.846 ameaçados ou agredidos e 134 foram forçados ao exílio. Não há dados precisos sobre o número de veículos de imprensa vítimas de censura, proibição e até atentados, como na recente tragédia do Charlie Hebdo em Paris.
Tais reflexões valorizam ainda mais a celebração pelos 25 anos do jornal A Gazeta.
Indiscutível marco no jornalismo impresso de Mato Grosso, desde o início A Gazeta destacou-se por promover importante modernização editorial, aliando a inovações gráficas e técnicas a qualidade jornalística. Tem sido pioneira em inúmeras frentes, como o destaque conferido à cobertura dos temas de maior relevância para a sociedade mato-grossense a exemplo da economia do agronegócio e das causas ambientais.
Conquistou merecido destaque por suas iniciativas de aproximação com as comunidades, a exemplo do projeto Viva o seu Bairro, e pelo patrocínio a eventos culturais, como as temporadas Gazeta de teatro, shows musicais, exposições agropecuárias etc. Tornou-se importante veículo para expressão e divulgação da cultura regional, bem como essencial espaço político para o debate pluralista de ideias e opiniões. Assim, nos seus primeiros 25 anos A Gazeta assumiu indiscutível e crescente liderança na imprensa estadual convertendo-se em referência de jornalismo de qualidade e credibilidade.
Onde não há imprensa livre, não há democracia, liberdade e respeito aos direitos humanos. Onde há imprensa independente e de qualidade florescem a cultura e o progresso. Longa vida e muito sucesso para A Gazeta!
* Luiz Henrique Lima é Auditor Substituto de Conselheiro do TCE-MT