Interesse público e transparência devem pautar relação entre órgão e imprensa

“Estratégias de relacionamento” foram debatidas na manhã desta quarta-feira (15/2), durante o I Congresso Nacional dos Tribunais de Contas (CNTC), que acontece em Florianópolis (SC). O painel teve como palestrantes o jornalista jurídico e media training em Gestão de Crises, João Camargo Neto, e o apresentador da CNN, Iuri Pitta. Mediou o momento o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Pará, Luís da Cunha Teixeira.

João Camargo Neto falou da importância de pautar o relacionamento com jornalistas por assuntos de interesse público. “Os encontros entre a fonte e a imprensa devem acontecer, mas precisam ser promovidos a partir do interesse público, com informação de qualidade.”

Segundo ele, um bom relacionamento é uma via de mão dupla. “É preciso compreender que o repórter não está fazendo matéria para ajudar o assessor ou a fonte. Essa relação deve ser fortalecida com base na transparência e no interesse público”.

Quanto à exclusividade, João Camargo Neto reforçou que deve ser adotada somente se a pauta for sugerida pelo repórter. “Os órgãos não devem dar exclusividade a um veículo ou a um jornalista. A exclusividade da informação é uma exceção”. Na sua opiniao, o que incomoda jornalista é a falta de clareza. “É preciso ter abertura com o repórter, ser verdadeiro”.

João Camargo falou, também, sobre crises de imagem. “Geralmente, a maioria não é crise, mas devemos estar atentos para que não ocorram. 95% podem ser prevenidas. Se pensarmos em um plano de prevenção, teremos mais tempo pra evitar o surgimento de uma crise de imagem.”

Iuri Pitta, apresentador da CNN, falou sobre a rotina de trabalho do jornalista, destacando que a base do relacionamento é a confiança. “Rui Barbosa já dizia que a imprensa é a vista da Nação. O papel da imprensa e dos órgãos de controle tem semelhanças. Somos os olhos da Nação, mas nossas vistas podem se somar para dar um pouco mais de transparência. Esse é o caminho. Com uma relação leal entre órgãos e imprensa poderemos melhorar a vista da Nação”.

O conselheiro Luis da Cunha Teixeira (TCE Pará) encerrou o painel relatando sua dificuldade em conceder entrevistas. Segundo ele, sua relação com a imprensa não era boa, mas após participar deste Congresso de Comunicação, mudou sua forma de pensar. “Valeu muito a pena. Antes tínhamos a ouvidoria, mas precisamos evoluir com a área da comunicação pra levar informação à sociedade. Nós, conselheiros, temos o papel de apoiar, e vocês, comunicadores, tem que executar uma boa comunicação. Tenho certeza que as coisas mudarão após este Congresso. Vamos trabalhar pra uniformizar a linguagem e buscar formas de interagir melhor com a sociedade brasileira”, concluiu.