Poucas pessoas sabem o que significa astroturfing, bandwagon, bots ou cybertroops, mas o que essas palavras representam está impactando o modo como muita gente pensa, opina e vota. Fazem parte do que tem sido denominado propaganda computacional, um conjunto de ações com a finalidade de formar opiniões, disseminar ideias, promover candidatos e influenciar o debate político.
O astroturfing, por exemplo, refere-se à disseminação em larga escala de ideias que integram agendas políticas e econômicas, preservando a identidade dos seus verdadeiros patrocinadores. Opinam representantes de lobbies disfarçados de especialistas, think tanks, “observatórios”, “institutos de transparência”, muito bem remunerados. Reveste-se a agenda de uma aura técnica, científica e republicana, mas há pouca transparência sobre os financiadores e essa agenda oculta.
O bandwagon é o mecanismo para criar a sensação de consenso, de amplo apoio a determinadas causas. Há estudos que evidenciam a tendência de boa parte das pessoas a seguirem, de se sentirem desconfortáveis do lado minoritário. Daí o astroturfing ser um dos elementos do bandwagon, no sentido de que os especialistas formam opinião, muitos a seguem e muitos outros vão seguir para não ficar de fora do pensamento supostamente majoritário.
Bots e cybertroops são a face digital desses fenômenos. Os bots são os robôs que interagem nas redes sociais, emitindo opiniões, criticando ideias, disseminando propostas. Já o cybertroops são verdadeiros exércitos digitais, integrados por pessoas e robôs para operar essas ações. Esse fenômeno mundial tem influenciado o resultado de eleições, o apoio ou rejeição a propostas políticas e até decisões judiciais (quem tiver dúvidas, sugiro a leitura de Os Onze, de Felipe Recondo). O grande desafio reside em como lidar com ele, uma vez que a autorregulamentação das plataformas digitais tem se mostrado insuficiente até aqui. É um debate muito relevante e longe de estar resolvido.