Estudo comprova que atraso na metodologia é a principal causa de precariedade da malha rodoviária brasileira
Um estudo realizado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) comprovou algo que o senso comum do cidadão brasileiro já havia notado: o asfalto nacional não é feito para durar muito. O fator que mais impacta na qualidade da nossa malha rodoviária é a metodologia utilizada para dimensionar o pavimento. Segundo o estudo, o padrão brasileiro apresenta, em média, uma defasagem de 40 anos em comparação com países como Portugal, Estados Unidos e Japão.
No Brasil, as normas para dimensionar os pavimentos remetem à década de 1960, época em que o volume de tráfego era bem inferior ao atual. Tais normas também ignoram as diferenças climáticas de uma região para outra, desconsiderando variações de temperatura e umidade. Na prática, o asfalto brasileiro é projetado para durar cerca de dez anos, enquanto que o pavimento português costuma ter utilidade de 20 anos.
A equipe responsável pelo estudo procurou identificar as principais causas do desgaste precoce dos asfaltos brasileiros. A CNT concluiu que, além da metodologia defasada, a pavimentação de rodovias no Brasil costuma apresentar deficiências técnicas no planejamento e execução de obras, e fiscalização e manutenção das pistas. O trabalho estima que quase 30% das rodovias federais sequer possuem contrato de manutenção.
Atento à questão, o Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO) investe cada vez mais em capacitação técnica e tecnológica para aferir a qualidade das rodovias estaduais. Além de um laboratório móvel de análise de solos e pavimentação, o TCE-GO está implantando uma unidade laboratorial em sua sede para intensificar a fiscalização da malha rodoviária goiana.
Com o laboratório móvel, já é possível realizar exames de solos e misturas, além de controle dos materiais utilizados na pavimentação de rodovias, assegurando agilidade e eficiência no trabalho do corpo técnico de engenharia do TCE-GO. Previsto para ser inaugurado nas próximas semanas, o novo laboratório vai reforçar os trabalhos da unidade móvel, conferindo a qualidade das obras e dos seus componentes, e verificando se ocorrem irregularidades e superfaturamentos.