TCE-RS promove encontro nacional para debater gestão de pessoas no setor público

Na continuidade do XV Encontro Técnico de Gestão de Pessoas dos Tribunais de Contas, a terça-feira (30), segundo dia de evento, teve a primeira palestra com o tema “Gestão de pessoas e o futuro da estratégia: como transformar modelos e gerar engajamento”.  Coube ao professor Rogério Leme apresentar os desafios da gestão de pessoas como motivo para investir no desenvolvimento e alinhar ações aos objetivos organizacionais. Explicou que nesse contexto, a gestão de desempenho e de competências assume papel central. No entanto, muitas organizações demonstram insatisfação com o formato atual das avaliações, vistas como burocráticas, retrospectivas e pouco conectadas à realidade.

“Avaliar é essencial, mas apenas avaliar já não basta. Hoje, competência é pressuposto, assim como a qualidade deixou de ser diferencial e se tornou obrigação. Para que a gestão de pessoas seja, de fato, estratégica, é necessário repensar a lógica da avaliação e migrar de um modelo operacional, baseado em atribuições, para um mais ágil, abrangente e conectado à estratégia. Um modelo que sustente a transformação e viabilize uma gestão de desempenho realmente efetiva”, argumentou.
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Ainda, a gestora das Relações de Trabalho no Tribunal de Contas do Município de Contas de São Paulo, Luiza Correia Hruschka, falou sobre a metodologia de trabalho desenvolvida na área de gestão de pessoas do TCMSP, especificando inclusive a forma como o órgão lida com a gestão de conflitos. Fez uma reflexão aprofundada sobre o que realmente constitui a gestão de pessoas e quem deve ser o responsável por essa função, seja em organizações públicas ou privadas. 

Abordou ainda o caráter crucial de se ter uma metodologia bem definida, capaz de auxiliar a área de gestão de pessoas a gerir seus processos de trabalho com maior eficiência, e como isso impactará diretamente na gestão de conflitos dentro da organização. Por fim, destacou que é importante consolidar a compreensão de que a adoção de uma metodologia adequada para a condução da gestão de pessoas trará inúmeras vantagens, beneficiando tanto os profissionais quanto as organizações.

Após, a palestra teve como tema “Transformação digital”. O analista de controle externo do Tribunal de Contas do Estado do Ceará Ricardo Pessoa de Carvalho relatou como a transformação digital, aliada à utilização de ferramentas de inteligência artificial, tem contribuído para otimizar os processos de pesquisa institucional nos tribunais de contas. A apresentação abordou as aplicações práticas da IA nas etapas de elaboração de questionários, sistematização e análise de dados, construção de apresentações e estratégias de divulgação dos resultados. Explicou que o objetivo é compartilhar experiências e boas práticas que tornem os processos de levantamento e disseminação de informações mais eficientes, colaborativos e alinhados às demandas contemporâneas da administração pública.

O fundador da Gpecis Consultoria e Tecnologia, Geraldo Pecis, fez uma apresentação sobre como alinhar cada vez mais a gestão de pessoas ao alcance de resultados. Falou sobre diferentes culturas empresariais e fez um paralelo sobre como a governança e o alinhamento estratégico podem contribuir não só para a área de gestão de pessoas, mas para toda a organização. “Missão, visão, valores e propósito não podem ser apenas palavras mencionadas na parede, devem fazer parte do dia a dia para que todos possam não só contribuir para os resultados organizacionais, mas para o crescimento pessoal e profissional”, destacou.


​​​​​​​Terceiro e último dia de evento

O último dia do XV Encontro Técnico de Gestão de Pessoas iniciou com a palestra “A Liderança no Cuidado com a Saúde Mental das Pessoas “. O psicólogo Roberto Cruz salientou que as lideranças exercem papel determinante no suporte e nos cuidados com a saúde mental nas organizações e, no desempenho profissional, a cultura organizacional e a efetividade das iniciativas voltadas à promoção da saúde mental.  Explanou que os comportamentos dos líderes favorecem interações de qualidade e que justiça, capacitação e suporte são fundamentais para mitigar o estresse e a dissonância emocional.

Cruz afirmou que a implementação de políticas institucionais especializadas em suporte social e psicológico potencializa o bem-estar da força de trabalho.  “A valorização da comunicação aberta, a atuação ética em situações de crise e a promoção de um clima organizacional positivo por parte da liderança ampliam os efeitos das iniciativas de cuidado à saúde mental. Intervenções organizacionais voltadas ao cuidado, tais como atividades de capacitação e mentorias de desenvolvimento da segurança psicológica, da regulação emocional e competências saudáveis na gestão, destacam-se como estratégias eficazes para a promoção da saúde mental nos ambientes de trabalho”, ressaltou ele.

A outra palestra teve como tema “O poder transformador da autorresponsabilidade” e foi proferida pelo psicólogo Rhone Giullian. Ele apresentou a autorresponsabilidade e, dentro dela, falou sobre o reconhecimento da realidade como o primeiro passo da saúde emocional. “As pessoas precisam descrever a realidade com clareza e não negar, fugir, diminuir ou ampliar.” Aproveitou ainda para salientar que é importante saber o que se está sentindo, os medos, as questões internas, conseguir descrever qual é o seu sentimento.

“Então, a realidade interna é também saber compor quais são suas capacidades, seus recursos para enfrentamento dessa verdade. O importante para se ter saúde emocional é ter condições de enfrentar a realidade, tem a ver com você saber quais são os recursos a seu favor, que são os pessoais e os relacionais”, considerou Giullian.

A última palestra do evento teve como tema “Felicidade no trabalho, propósito e resiliência”. A psicóloga e especialista em saúde mental Elisângela Passos foi enfática ao destacar que devemos fazer uma reflexão sobre como encontrar sentido e equilíbrio no trabalho diante de contextos de alta exigência, como os tribunais de contas. Ela trouxe histórias reais, reflexões e dinâmicas que estimularam a conexão entre os participantes, reforçando a importância do autocuidado como condição para cuidar dos outros e sustentar ambientes mais saudáveis e produtivos.  “A partir de uma abordagem acessível, humana e embasada em psicologia organizacional, foram explorados três pilares fundamentais: a busca pela felicidade no trabalho, o propósito como bússola emocional e a resiliência como recurso para enfrentar mudanças e pressões cotidianas”, finalizou.

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Com informações da Assessoria de Comunicação do TCE-RS