A auditoria do Tribunal de Contas do DF (TCDF) que está avaliando, periodicamente, a implementação e a utilização dos protocolos de classificação de risco dos usuários nas emergências e urgências do DF apontou irregularidades no atendimento prestado pelo Hospital Regional de Sobradinho (HRS).
Com base em informações fornecidas pela própria Secretaria de Estado de Saúde, os auditores do Tribunal compararam o registro de entrada do paciente na unidade e o primeiro atendimento médico. Eles verificaram que, no mês passado, das 13.549 pessoas que procuraram o hospital, quase 10 mil (73,24%) não tiveram o acolhimento realizado de forma correta. A triagem só foi feita em 26,76% dos usuários. Mesmo entre aqueles que passam pela classificação, o tempo de resposta do atendimento é muito lento: dos pacientes graves que receberam a cor vermelha do Protocolo Manchester, isto é, que corriam risco iminente de morrer, apenas 6,2% tiveram assistência imediata em abril de 2016.
O presidente do TCDF, Conselheiro Renato Rainha, o Conselheiro Márcio Michel e uma equipe de auditores visitaram ao Hospital Regional de Sobradinho nesta terça-feira, dia 17 de maio de 2016, para verificar o desempenho no atendimento dos pacientes.
Durante a visita, os profissionais de saúde admitiram que a classificação não é feita das 0h às 7h, nem em determinadas especialidades, como ortopedia e cirurgia. “A deficiência na classificação de risco é muito grave. Quando a triagem falha, coloca em risco a vida dos pacientes”, disse o Conselheiro Renato Rainha. “Detectamos também outros problemas, como o número muito pequeno de médicos e enfermeiros, instalações físicas deficientes ou inadequadas e bens do hospital sem o devido tombamento, o que dificulta o controle sobre eles”, enumera.
A falta de tombamento é a justificativa para que diversos equipamentos novos, como macas e cadeiras ortopédicas, estejam amontoados em um depósito, de forma inadequada, enquanto aguardam para serem colocados em uso. A fiscalização também encontrou sucatas de móveis e equipamentos, que já não são mais utilizados pelo hospital, jogadas a céu aberto. “É um material inutilizado, mas que não deveria estar jogado assim, pois isso faz proliferar baratas, ratos e outros animais que podem afetar a saúde dos pacientes. Também é necessário tomar providências para agilizar o tombamento dos equipamentos novos, para que esse material seja utilizado o mais rápido possível”, afirma o Conselheiro Márcio Michel.
Pior desempenho – O Hospital Regional de Sobradinho teve o pior desempenho no primeiro quadrimestre deste ano, no que diz respeito ao tempo de resposta no atendimento dos pacientes com quadro clínico grave. Esses pacientes deveriam ser priorizados, de acordo com o Protocolo Manchester. Esse protocolo assegura que os doentes sejam observados por ordem de necessidade clínica e não simplesmente por ordem de chegada.
Pela metodologia estabelecida, cada paciente que procura o hospital deve receber uma das seguintes cores: vermelha (atendimento imediato), laranja (até 10 min), amarela (até 1h), verde (até 2h) e azul (até 4h). Essas cores classificam os doentes por ordem de gravidade, desde aqueles que têm risco de morrer até aqueles que não têm necessidade de atendimento hospitalar. O não cumprimento do Protocolo Manchester impede que os pacientes recebam os cuidados necessários no tempo adequado.
O TCDF também está verificando o cumprimento da escala de plantão dos médicos e se os usuários estão sendo recebidos por profissionais habilitados, com treinamento específico, que devem escutar as queixas do paciente, os medos e as expectativas, analisar a situação de saúde do indivíduo e identificar o grau de risco e a vulnerabilidade caso a caso.