Tribunais de Contas apresentam ferramentas de inteligência artificial em conferência global de tecnologia

O uso de inteligência artificial para potencializar a atuação dos órgãos de controle foi tema de um painel do Rio Innovation Week (RIW) na manhã da sexta-feira (16). O RIW, que iniciou no dia 13 de agosto, contou com a presença de 185 mil pessoas nos galpões do Pier Mauá, no Rio de Janeiro. O evento é a maior conferência global de tecnologia e inovação. Pelo menos 15 mil profissionais estiveram envolvidos na produção do evento, que reuniu 2 mil startups e 410 expositores.

Ao mediar o painel, o ouvidor do Tribunal de Contas do Rio Grande do Sul e vice-presidente de Relações Político-Institucionais da Atricon, Cezar Miola, destacou que a IA tem condições de automatizar, por exemplo, algumas das etapas dos processos de auditoria e inspeção, analisando grandes volumes de dados com mais agilidade e identificando anomalias ou padrões que possam indicar fraudes ou irregularidades. “Isso aumenta a eficiência e a precisão das análises, permitindo que os tribunais de contas atuem de forma ainda mais estratégica, permitindo que seus qualificados quadros possam atuar cada vez com maior abrangência e profundidade na avaliação de desempenho”.

Carlos Neves, conselheiro do Tribunal de Contas de Pernambuco e vice-presidente de Relações Jurídico-Institucionais da Atricon, ressaltou outros benefícios que a tecnologia oferece para o controle externo. “Em breve, teremos aplicações que poderão ser utilizadas diretamente pelo cidadão, como o cruzamento de diferentes bancos de dados públicos com o uso de linguagem simples e acessível. O cidadão poderá ser o fiscal, acompanhando com mais facilidade a aplicação dos recursos públicos. Estamos focados no Tribunal de hoje, mas construindo o Tribunal de amanhã, o do futuro”, disse.

O diretor do Departamento de Tecnologia da Informação do Tribunal de Contas de São Paulo, Fábio Xavier, abordou os resultados de uma pesquisa que mapeia o uso de IA pelos órgãos de controle. De acordo com o levantamento, houve um aumento significativo na implementação de soluções de IA pelas instituições, passando de 52% em 2023 para 76% em 2024. Outra informação relevante trazida pelo estudo é que todos os órgãos de controle possuem projetos que utilizam IA. Em 2023, 15% deles ainda não cogitavam a adoção.

“A IA não irá substituir as pessoas. Essa inteligência híbrida, que une a inteligência artificial guiada pela humana, é a que trará resultados. O ChatGPT colocou a IA nas mãos das pessoas. E nossa evolução será desenvolver aplicações que possam levar informações geradas pelo controle externo diretamente ao cidadão”, projetou.

De acordo com a OCDE, entre os órgãos de controle de 39 países, o TCU é o mais avançado no uso da tecnologia (dados de março de 2024). O secretário de Tecnologia da Informação e Evolução Digital do TCU, Rainério Leite, comentou que há um grupo de trabalho estratégico para desenvolver tecnologias capazes de potencializar as atividades da instituição com a participação de diferentes áreas. “Precisamos capacitar os servidores, internalizar essa nova cultura organizacional e incentivar o uso dessas ferramentas. Notamos que, em alguns casos, a produtividade pode aumentar, em média, 60%, mas é preciso um uso adequado e responsável.” Rainério citou ainda que o TCU lançou recentemente o “Guia de uso de inteligência artificial generativa” para orientar os membros, servidores e colaboradores do TCU.

O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Márcio Pacheco, acompanhou o painel. Acesse a transmissão online no canal do Metaverse no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=JHKI7-hog3w.