O Tribunal de Contas da União (TCU) recebeu, nesta terça-feira (2/4), representantes da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil (Atricon) para reunião técnica sobre uso de inteligência artificial nas organizações. Atualmente, a Atricon está elaborando projeto para implementação de IA na instituição. Representantes do TCU farão parte da comissão criada para elaborar o plano de ação.
O foco do encontro foi a utilização do ChatTCU, ferramenta em funcionamento no Tribunal desde fevereiro de 2023. A ideia é expandir o uso de plataformas de IA aos Tribunais de Contas Estaduais (TCEs). O encontro teve como objetivo compartilhar a experiência do TCU com o projeto para induzir melhorias nos tribunais de contas de todo o país e no sistema de controle como um todo.
O assistente virtual de uso interno do Tribunal foi desenvolvido com a solução Microsoft Azure OpenAI Service. O chat tem a capacidade de apoiar diversas tarefas, como análise de documentos, pesquisa jurídica, tradução e consultas administrativas, por exemplo. Atualmente, 1,4 mil usuários internos do TCU utilizam a plataforma para ajudar em tarefas, como análise de documentos, pesquisa jurídica, tradução e consultas administrativas.
Na abertura do encontro, o secretário-geral da Presidência do TCU, Frederico Carvalho Dias, destacou a importância da articulação entre as instituições para tratar de avanços na área de tecnologia. “A inteligência artificial é um assunto a que temos dado muita importância e estamos muito satisfeitos com o resultado encontrado. Com o uso da tecnologia, de maneira geral, e também com o relacionamento que a gente consegue estabelecer entre a tecnologia e a área de negócios. Estar com a Atricon acaba sendo uma oportunidade muito interessante, diante desse papel que a associação exerce de articular os tribunais de contas”, afirmou.
O conselheiro substituto do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo Donato Moutinho explicou que a expansão do uso da IA é uma das prioridades apontadas no plano estratégico da Atricon. “Temos o desafio de colocar as informações de maneira fácil para todos os colegas, para que realmente todos possam usar e, com isso, os ganhos possam se multiplicar”, disse.
No último ano, o TCU realizou avanços significativos em iniciativas inovadoras e se tornou um dos primeiros órgãos no Brasil a oferecer tecnologia de IA generativa conectada a vários sistemas internos. O secretário de Tecnologia da Informação e Evolução Digital do Tribunal, Rainério Rodrigues, ressaltou a necessidade de colaboração com os tribunais de contas para avançar em todos os tipos de tecnologia. “Quando o TCU se dispõe a colaborar, se dispõe também a adquirir conhecimento, porque nada melhor que as parcerias. Todos os tribunais têm técnicos extremamente competentes, então quanto mais a gente conversa, mais todos saem ganhando”, finalizou.
Além dos debates técnicos, o encontro contou ainda com a palestra do diretor nacional de tecnologia da Microsoft, Ronan Damasco, que apresentou panorama geral sobre o futuro da IA em todo o mundo. Também sobre as tendências para os próximos anos, o professor Hiraclis Nicolaidis trouxe estudo realizado pela Gartner, líder mundial em pesquisa e aconselhamento para empresas. A pesquisa estima que até 2030 mais de 80% da população mundial vai interagir com inteligência artificial no seu dia a dia.
ChatTCU é exemplo de avanço em IA para organizações em todo o mundo
O TCU foi apontado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) como instituição de ponta no uso de inteligência artificial. A OCDE entrevistou 59 organizações, de 39 países, e o Tribunal é a única que demonstra estágio avançado de uso de IA generativa, com o desenvolvimento do ChatTCU. O trabalho avaliou as oportunidades e desafios relacionados ao uso da IA por atores governamentais, incluindo agências anticorrupção e Instituições Superiores de Controle (ISC).
De acordo com a OCDE, o desenvolvimento do ChatTCU ilustra como esse tipo de tecnologia pode ser utilizada para aumentar a eficiência dos auditores na coleta e revisão de documentações. Os LLMs (Large Language Models, ou “Grande Modelo de Linguagem”, na tradução livre) são um modelo de aprendizado de máquina treinado para aprender e gerar informações a partir de grandes bases de dados.
Fonte: TCU